Rodrigo Moura Neto
Por Joyce Canele e Bianca Bibiano
[email protected]Uma árvore nativa do Brasil e de outros países da América Latina e Central, chamada Trema micranthum blume, está sendo estudada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como uma possível nova fonte de canabidiol, o conhecido CBD, usado em diversos tratamentos de saúde.
De acordo com Rodrigo Moura Neto, geneticista e responsável pelo estudo no Instituto de Biologia da UFRJ, atualmente a pesquisa se concentra em análises fisiológicas para entender o comportamento da planta em diferentes tipos de solo. Quando foi lançado em 2023, o estudo foi considerado inédito e abriu a possibilidade para um novo modelo de extração do CDB, que pode ser feito usando os frutos da Trema Micranthum.
"Essa planta ocorre desde o México até o Rio Grande do Sul, no Brasil. Ela é vista como um mato comum, mas em análise química forense, conseguimos identificar o canabidiol. E, apesar de pertencer à mesma família da Cannabis sativa, a Trema micranthum tem baixíssimo teor de THC, praticamente nulo", explicou Neto ao Brodcast/Viva.
O atual estágio da pesquisa consiste também em entender se a planta poderia ser vista como uma alternativa mais econômica ao canabidiol, que hoje tem produção e comercialização restritas no País. O Conselho Federal de Medicina permite a prescrição apenas em casos específicos, como alguns tipos de epilepsia em crianças e adolescentes. Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impõe restrição na fórmula de óleos de CDB, que só podem ter 0,2% de THC.
"É uma planta com fácil crescimento, se espalha com velocidade e cresce bem ao sol. Mas precisamos saber se a produção de frutos será economicamente viável para extrair o canabidional em quantidades que se necessita hoje na produção de devirados", acrescenta o pesquisador.
De acordo com Neto, são necessários ao menos três anos de análises e testagens em diferentes tipos de solo para identificar quais são as circunstâncias mais favoráveis ao cultivo da árvore.
Enquanto outras alternativas não são disponibilizadas, o Congresso Nacional continua discutindo se libera ou não o cultivo da Cannabis sativa para fins medicinais, como já acontece em países como Estados Unidos, Canadá e Portugal. A pesquisa da UFRJ recebeu apoio financeiro de R$ 500 mil da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
Se os resultados forem positivos, a Trema Micranthum, típica do Brasil, poderá se transformar em uma alternativa legal, acessível e eficaz para quem precisa do canabidiol no tratamento da saúde. Para as pessoas idosas, isso pode significar uma nova esperança no alívio de dores crônicas, controle de ansiedade e insônia, além de possíveis efeitos positivos em doenças como Parkinson, Alzheimer e artrose.
Além disso, o CBD tem sido estudado no mundo todo por seu potencial anti-inflamatório, analgésico e calmante, com poucos efeitos colaterais, abrindo caminho para tratamentos sem riscos de dependência e que oferecem maior qualidade de vida na terceira idade.
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