Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]No universo da alimentação, poucas decisões geram tantas dúvidas quanto a escolha das gorduras na hora de cozinhar. Entre as opções mais comuns nas cozinhas brasileiras estão o tradicional óleo de soja e a banha de porco, ingrediente que vem sendo resgatado por muitas pessoas em busca de uma alimentação mais natural ou baseada em práticas antigas.
Enquanto o óleo vegetal ganhou espaço por ser considerado mais leve, a gordura suína carrega uma reputação controversa, muitas vezes associada a problemas de saúde. Mas será que essa visão ainda se sustenta?
No debate sobre qual gordura utilizar na cozinha, a resposta pode surpreender. Um estudo recente da Faculdade União das Américas (Uniamérica), do Paraná, apontou que a banha de porco pode ser mais saudável do que o óleo de soja no preparo de refeições, contrariando a percepção comum de que gorduras de origem animal são sempre as vilãs da saúde.
A pesquisa avaliou os níveis de colesterol e triglicerídeos de voluntários que consumiram alimentos preparados com óleo de soja e com banha de porco.
Os resultados revelaram que o óleo de soja provocou uma redução de 20,5% no colesterol HDL, conhecido como o “colesterol bom”, além de ter causado aumento nos níveis de colesterol LDL (o ruim) e triglicerídeos.
Já a banha suína, quando utilizada nas refeições, apresentou efeitos menos nocivos, mantendo os indicadores de saúde cardiovascular mais equilibrados entre os participantes.
Além de mais estável em altas temperaturas, o que a torna ideal para frituras (economizando gás e evitando a liberação de substâncias tóxicas), a banha de porco também se destaca por seu valor nutricional. Quando consumida com moderação, pode oferecer:
Apesar dos benefícios apontados no estudo, os especialistas reforçam que qualquer tipo de gordura deve ser consumido com moderação. De acordo com a American Heart Association, a ingestão total de gorduras em uma dieta de 2.000 calorias diárias deve ficar entre 56 g e 77 g por dia, incluindo todas as fontes de lipídios.
Ou seja, tanto a banha quanto o óleo de soja podem fazer parte da alimentação, desde que inseridos dentro de um contexto de equilíbrio nutricional, variedade e hábitos saudáveis.
O óleo de soja ainda é amplamente utilizado nas cozinhas brasileiras por ser acessível e versátil. No entanto, segundo o estudo, seu impacto nos níveis de colesterol exige cautela, principalmente em pessoas com predisposição a doenças cardiovasculares.
Uma alternativa interessante pode ser variar os tipos de gordura utilizados no dia a dia, incorporando azeite de oliva extravirgem, óleo de abacate ou até o uso de gorduras naturais como a banha, sempre em porções controladas.
A ciência mostra que nem toda gordura animal é automaticamente prejudicial, e que, em alguns casos, pode até ser uma opção mais segura que os óleos vegetais refinados. A banha de porco, quando usada corretamente e com moderação, se apresenta como um ingrediente valioso tanto na gastronomia quanto na saúde.
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