Arquivo/Agência Brasil
São Paulo, 25/07/2025 - Como parte da política anti-imigratória de Donald Trump, os Estados Unidos anunciaram que os vistos de negócios e turismo (B1 e B2) ganharão, a partir de 1º de outubro, uma taxa de US$ 250 – na cotação atual, a tarifa é de aproximadamente R$ 1.390, valor próximo ao salário mínimo brasileiro. Ao todo, o aumento no custo para a emissão do visto americano superou os 130%.
O chamado “Visa Integrity Fee” é uma tentativa do governo estadunidense de combater a imigração ilegal e arrecadar receita para o país, como explica Fernando Canutto, sócio da Godke Advogados e especialista em direito internacional empresarial. “Não é uma medida tomada contra o Brasil especificamente. A taxa será aplicada a todos no mundo que buscam o visto americano.”
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O advogado destaca que o anúncio foi aprovado pelo congresso no dia da independência dos EUA, 4 de julho, dentro do pacote fiscal “One Big Beautiful Bill”, que anulou o teto para os gastos do governo federal. “A mudança deve dificultar a entrada de pessoas que solicitam o visto de turismo ou negócios para ficar no país e buscar melhores oportunidades de emprego.”
Para o especialista em imigração para os EUA e CEO da On Set Consultoria Internacional, Guilherme Vieira, a mudança torna ainda mais severa a emissão de vistos americanos, uma vez que a política anti-imigratória já sofria rigidez. “Nos últimos meses, os agentes americanos assumiram uma postura mais cautelosa na hora de permitir a entrada e saída de estrangeiros no país”, explica.
“As redes sociais devem ter perfil aberto, sem compartilhamento de publicações ideológicas ou partidárias, o formulário deve ser preenchido sem equívocos e a entrevista deve passar clareza das intenções da pessoa em visitar o país.”
O consultor reforça que a tarifa adicional pode ser reembolsada se o estrangeiro comprovar, durante a estadia, que cumpriu os requisitos do visto emitido, ou seja, que viajou para os EUA dentro do prazo anunciado, gastou dentro do país, movimentando a economia local ou realizou os fins comerciais do visto específico para negócios.
“O governo americano ainda não explicou como e em que momento esse ressarcimento será feito, o que nos preocupa, uma vez que o documento tem duração de 10 anos.”
O anúncio tem levado brasileiros como Daniel Gramigna, 38, a renovar ou emitir antecipadamente o visto. O empresário tem planejado uma viagem com a noiva para Nova York, Orlando ou Miami para promover negócios. “O cenário é instável, então prefiro estar com tudo em dia. Só pretendo mudar de rota para outro país se for realmente necessário. O que não dá é perder uma oportunidade por falta de preparo.”
O consultor Guilherme Vieira reforçou os cuidados que os brasileiros precisam ter no que chamou de um momento de insegurança jurídica, na hora de emitir o visto pela primeira vez. As atenções recaem, sobretudo, nas redes sociais e no histórico com o país americano. “Só é preciso se preocupar se tiver cometido fraude nos EUA, como ter trabalhado ilegalmente lá dentro em algum momento.” Ele dá algumas dicas:
“Mantenha a calma e tranquilidade na entrevista, deixe bem claro que tem data para voltar e dinheiro para consumir no país. Não poste nenhum conteúdo nas redes sociais político-partidário, religioso ou que possa ser entendido como violento, como foto de arma, por exemplo. Cuide na hora de preencher o formulário de aplicação, para não cometer erros.”
Os estrangeiros que procuram trabalho temporário no país podem buscar, aqui no Brasil, cursos de formação e aplicar, quando oportuno, o visto equivalente para a função, recomenda Vieira.
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Mentir para um oficial é considerado fraude migratória. Caso o objetivo da viagem seja trabalhar, é muito mais interessante ir atrás do visto específico para essa função e buscar cursos formativos para aprimorar o grau de instrução, diz o consultor.
"Em 2026, a Copa do Mundo vai movimentar bem os EUA, com várias oportunidades de empregos temporários voltadas para imigrantes.”
Vale lembrar que os brasileiros que têm o passaporte europeu não precisam de visto para entrar nos Estados Unidos. A recomendação dos especialistas é que o pedido seja iniciado antes do dia 1º de outubro para evitar o pagamento da taxa.
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