Foto: Envato Elements
Por Gabrielly Bento
[email protected]A Federação Internacional de Diabetes (IDF) oficializou uma nova classificação dentro do espectro das doenças metabólicas: o diabetes tipo 5. A decisão foi anunciada durante o Congresso Mundial de Diabetes em Bangkok, na Tailândia, reconhecendo uma forma da doença ligada diretamente à desnutrição — condição que, apesar de antiga, vinha sendo negligenciada pelas diretrizes médicas globais.
Anteriormente identificado como "diabetes relacionado à desnutrição", esse subtipo acomete predominantemente adolescentes e adultos jovens com baixo peso corporal, em sua maioria residentes de países em desenvolvimento. Estimativas indicam que entre 20 milhões e 25 milhões de pessoas em regiões da Ásia e da África vivem com essa condição, muitas vezes sem diagnóstico preciso ou tratamento adequado.
O avanço na classificação foi impulsionado por uma série de estudos recentes que apontaram mecanismos distintos dessa forma da doença, diferindo dos já conhecidos tipos 1 e 2. A partir disso, especialistas internacionais solicitaram à IDF e à Associação Americana de Diabetes que a condição fosse reconhecida de forma autônoma.
Com a nova nomenclatura, a entidade também anunciou a formação de um grupo de trabalho internacional para estabelecer diretrizes clínicas e métodos de diagnóstico específicos. A equipe será co-liderada pela médica e pesquisadora Meredith Hawkins, professora da Faculdade de Medicina Albert Einstein (EUA) e fundadora do Instituto Global de Diabetes, uma das pioneiras na investigação sobre o tema.
O diabetes, em linhas gerais, é caracterizado pela elevação dos níveis de glicose no sangue, causada por falhas na produção ou no aproveitamento da insulina — hormônio responsável por controlar o açúcar na corrente sanguínea.
O tipo 2, o mais prevalente, surge ao longo da vida e está ligado a hábitos alimentares inadequados e sedentarismo. Já o tipo 1 é autoimune e geralmente diagnosticado na infância.
O tipo 5, por sua vez, decorre de um estado prolongado de desnutrição severa. Estudos demonstram que pacientes afetados não apresentam os padrões comuns dos outros tipos. Jovens magros com diagnóstico inicial de diabetes tipo 1, por exemplo, não respondiam bem à insulina, e em alguns casos chegavam a desenvolver hipoglicemias graves com seu uso. A ausência de obesidade também os distanciava do perfil clássico do tipo 2.
Foi essa ambiguidade que motivou o aprofundamento científico sobre o fenômeno. Os pesquisadores identificaram uma disfunção na produção de insulina nesses pacientes — um comprometimento que vinha sendo subestimado.
Com isso, a ausência de uma classificação clara dificultava o diagnóstico e o desenvolvimento de tratamentos.
O reconhecimento do diabetes tipo 5, portanto, não apenas dá visibilidade a uma população historicamente ignorada, como também inaugura uma nova fase na abordagem global da doença. A expectativa é que os próximos anos tragam avanços no entendimento e no cuidado com esses pacientes.
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