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São Paulo, 30/07/2025 - É cada vez mais comum encontrar pessoas com mais de 50 anos que estão fazendo ginástica, cuidando da pele e da saúde física e mental. Foi essa preocupação em ter qualidade de vida que motivou a empresária Cristina Ferraz de Almeida Prado, 51 anos, a abrir uma empresa de suplementos alimentares.
Apaixonada por ginástica e alimentação saudável, e depois de sair de uma sociedade que envolvia restaurante e alimentos saudáveis, a empreendedora quis juntar sua paixão com os negócios. “Eu sempre fui muito inquieta, porque eu sou hiperativa e desde menina era assim. Já trabalhei com moda, em banco, em tudo que você possa imaginar. Mas ginástica e alimentação saudável é uma coisa que sempre esteve muito presente na minha vida. Minha mãe desde pequenininha sempre cobrou a gente para fazer ginástica”, conta a criadora da marca True de suplementos.
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O estilo de vida de Cristina Prado ilustra o momento atual do mercado de suplementos vitamínicos no Brasil. Segundo a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad) Gislene Cardozo, o mercado de suplementos alimentares cresce no Brasil, impulsionado pela busca por uma alimentação equilibrada e o aumento da conscientização sobre saúde e bem-estar.
O mais recente boletim econômico da associação, referente aos primeiros nove meses de 2024, mostra que o consumo aparente de complementos alimentares e suplementos vitamínicos teve crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período de 2023. De acordo com o último levantamento da Pesquisa Hábitos de Consumo da Abiad, 6 em cada 10 brasileiros já utilizam esses produtos como forma de complementar a alimentação.
Para Cardozo, essa tendência deve se manter em linha com o resultado de 2024, quando a expansão dos concentrados de proteínas foi de cerca de 3% em relação a 2023.
“Essa tendência de crescimento tem se mostrado consistente e sustentável, impulsionada por investimentos em inovação, diversificação de portfólio, maior acessibilidade dos produtos e crescente interesse da população em manter uma alimentação equilibrada”, explica.
Além disso, ela acrescenta que a indústria segue investindo na formação de profissionais, na regulamentação e no fortalecimento das bases do setor.
Por falar em regulamentação, os produtos disponíveis no mercado são fiscalizados pela Anvisa antes de serem disponibilizados para o público.
A diretora conta que cada ingrediente é submetido a uma análise prévia para obter aprovação e determinação de limites de uso, passando por um restrito processo de avaliação de segurança e eficácia e, assim, estar aprovado para uso nas formulações de um suplemento.
Desde a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 243/2018, os suplementos alimentares passaram a seguir uma regulamentação específica. A aprovação do Marco Regulatório dos Suplementos Alimentares traz mais clareza e aproxima o Brasil das regulamentações internacionais, segundo Gislene Cardozo.
Antes do consumo, o coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Promoção da Saúde da UniCesumar, Braulio Branco, defende passar por uma avaliação com um nutricionista para verificar a real necessidade de suplementação. Além disso, a realização de exames sanguíneos é indispensável para identificar possíveis deficiências ou alterações em biomarcadores, como vitaminas, minerais e indicadores de saúde renal, hepática e outros sistemas. “Com esses dados, é possível direcionar a suplementação de forma personalizada e segura. O consumo indiscriminado pode causar sérios riscos, como sobrecarga dos rins e fígado”, alerta.
“Muitos não sabem, mas esses produtos podem interagir com medicamentos ou até com fitoterápicos, o que pode reduzir a eficácia dos tratamentos ou causar efeitos colaterais inesperados”.
Outro ponto de atenção, segundo o professor, é que suplementos não devem substituir uma alimentação equilibrada. Eles foram desenvolvidos para complementar a dieta em casos específicos, como quando a alimentação não consegue suprir todas as necessidades de macronutrientes ou micronutrientes. Um exemplo comum é o whey protein, usado para facilitar a ingestão de proteínas em rotinas mais corridas ou para atender às demandas protéicas do dia.
Ele ressalta que os alimentos naturais oferecem algo que os suplementos não conseguem: uma combinação de fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos que trabalham em sinergia para promover a saúde. Além disso, a biodisponibilidade, isto é, a capacidade do corpo de absorver os nutrientes, é muito maior nos alimentos do que nos suplementos. "Por isso, os suplementos podem ser aliados, mas nunca substitutos para a qualidade nutricional e os benefícios que uma alimentação balanceada proporciona", diz Branco.
De acordo com o professor, após os 50 anos, algumas deficiências nutricionais se tornam mais comuns devido às mudanças naturais do corpo, como a redução da absorção de nutrientes. Entre as mais frequentes estão:
Ele ressalta ainda que a absorção de nutrientes muda com a idade e isso tem um impacto significativo na saúde e na necessidade de suplementação. Conforme o corpo envelhece, o trato gastrointestinal passa por alterações que podem reduzir a eficiência na digestão e absorção de vitaminas e minerais. Por exemplo, a produção de ácido no estômago pode diminuir, um quadro conhecido como hipocloridria, dificultando a absorção de nutrientes como vitamina B12, ferro e cálcio.
Além disso, mudanças na mucosa intestinal e no metabolismo podem comprometer ainda mais essa capacidade. Essas alterações tornam a escolha dos suplementos algo que deve ser feito com muito cuidado. "Em vez de buscar soluções genéricas, é essencial avaliar as necessidades individuais por meio de exames médicos e acompanhamento com um profissional, como um nutricionista. Isso garante que os suplementos sejam direcionados para corrigir deficiências específicas, evitando o risco de consumo excessivo ou desnecessário”, afirma.
A diretora da Abiad ressalta ainda que o segmento de suplementos está em adequação a uma nova regulamentação, instaurada em setembro de 2024. Ela exige que os produtos sejam notificados à Anvisa e tenham um número de identificação exclusivo, que deve constar no rótulo, acompanhado da expressão "Alimento notificado na Anvisa".
Esse número garante que o produto foi cadastrado no banco de dados da Anvisa e que segue os parâmetros regulatórios estabelecidos. Até setembro de 2025, todos os fabricantes devem estar em total conformidade com essa nova exigência.
A empresária Cristina Prado afirma que sua marca de suplementos alimentares, a True, já está de acordo com as novas normas. “A Anvisa está criando algumas normas para as empresas. Suplementação é classificada como alimento e nós temos esse acompanhamento dos nossos produtos”, diz Prado.
Presente em mais de 5 mil pontos de vendas, como Drogasil, Mundo Verde, Divina Terra, entre outros, a marca está em plano de expansão, e prevê nova sede e futura fábrica no Espírito Santo.
A executiva ressalta que é importante ter um acompanhamento médico antes de começar a tomar suplementos. "Como sempre, é preciso ter acompanhamento médico. Tudo o que é demais não faz bem".
Para garantir que está adquirindo um suplemento seguro, o consumidor deve observar o rótulo do produto e conferir se seguem o padrão da Anvisa.
Desde a RDC nº 243/2018, os suplementos passaram a seguir um marco regulatório específico, que exige transparência e segurança. Veja os principais pontos que o consumidor deve conferir, segundo a Abiad:
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