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São Paulo, 22/07/2025 - O segmento de estética no Brasil é dominado pelo interesse feminino, mas a maioria ainda não se sente capaz de acessá-lo. É o que revela uma nova pesquisa de mercado realizada este ano pela Behavior Insights em parceria com a Brazil Panels Consultoria, com 931 entrevistados nas cinco regiões do País.
A pesquisa mostra que 72% do público interessado em procedimentos estéticos é composto por mulheres, mas 82,2% delas nunca realizaram qualquer tratamento. O principal obstáculo, citado por 66,9% das entrevistadas, é o custo elevado.
A faixa etária mais engajada nesses procedimento é a de 45 a 54 anos (30,2%), seguida por 35 a 44 anos (22,3%). "Quando olhamos de perto para os números, fica claro que o grande motor de consumo hoje está nessas duas faixas etárias específicas. São elas, de fato, o coração desse mercado", pondera Claudio Vasques, CEO da Brazil Panels.
Em comentários enviados ao Viva, ele destacou que o interesse pode estar relacionado a mudanças de prioridades que acometem parte das mulheres, especialmente após os 45 anos.
"Essa é uma fase da vida em que, para muitas, a vida financeira já está mais organizada. As grandes despesas iniciais, como casa e filhos pequenos, muitas vezes já passaram. E aí, a prioridade muda, o olhar volta mais para si".
Ele diz também que, para as entrevistadas, investir em estética não é luxo, mas sim um cuidado e um investimento em bem-estar que ajuda no dia a dia, no trabalho e na interação social. "É sobre manter o pique".
Já para o público de 35 a 44 anos, Vasques credita o interesse a uma maior "consciência da prevenção e da manutenção" do bem-estar. "Essas mulheres estão ligadas nos primeiros sinais, e o que buscam são tratamentos mais sutis, que tragam um aparência descansada, natural e sem exageros. É o autocuidado levado a sério, parte de um estilo de vida que valoriza a autoestima e o bem-estar de dentro para fora".
Para o CEO, entender profundamente quem são essas mulheres, o que elas desejam e em que momento da vida estão é o segredo para o sucesso no setor. "As clínicas de estética que souberem conversar de verdade com cada um desses grupos, adaptando seus serviços e a forma de se comunicar, não só vão crescer, como vão desbravar um potencial de mercado que mal imaginamos".
Apesar do interesse, 78,5% dos entrevistados nunca procuraram clínicas de estética, tanto homens quanto mulheres. Entre os motivos, além do custo, estão falta de interesse (23,9%), preocupações com segurança (18,5%) e medo de procedimentos (14,9%). Dentre os motivadores, 29,4% citaram preços mais acessíveis como principal incentivo, seguido por informações sobre segurança (22,2%) e consultas gratuitas (19,4%).
"A disparidade entre interesse e acesso fica ainda mais evidente ao analisar as classes sociais. Enquanto apenas 4% da classe A nunca fizeram procedimentos, esse número salta para 67% na classe C. Os dados mostram um mercado potencial enorme, mas ainda pouco explorado por conta de barreiras financeiras e de informação", afirma Vasques.
A percepção sobre clínicas de estética é positiva para 86,5%. No entanto, pessoas com 65 anos ou mais têm a menor taxa de satisfação (72,7%), indicando uma oportunidade para estratégias direcionadas a esse grupo. A confiança nos profissionais e clínicas é alta, mas 59% se sentem "muito confiantes" apenas nas clínicas, contra 17% nos atendimentos feitos diretamente com profissionais.
Para Vasques, os números reforçam a necessidade de estratégias que tornem os tratamentos mais acessíveis e transparentes. "Quando as pessoas entendem o valor e a segurança envolvidos, o mercado ganha força", completa.
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