Em entrevista ao Viva, o médico César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, destacou a importância de oferecer cuidados especiais a essa população, composta por indivíduos com perfis de saúde diversos. "Muitos chegam à velhice em condições bastante saudáveis, mas o indivíduo que atinge os 60 anos tem hoje expectativa de viver mais 20, e é esperado que viva esses anos com qualidade de vida, interagindo de forma assertiva e crítica com o ambiente ao seu redor."
"Precisamos orientar a população e os médicos para que gerenciem as comorbidades, como diabetes, hipertensão, e questões de saúde mental, entre outras, para que vivam com qualidade. Por isso, olhar as pessoas 60+ vai além da preocupação médica, é um ato de cidadania."
Troca de experiência
De acordo com Fernandes, o principal foco do evento é oferecer aos médicos chamados 'generalistas' o olhar das especialidades médicas, para que possam observar os pacientes de forma mais ampla na atenção primeira - não apenas idosos, mas de todas as idades.
Nesse sentido, ele ressaltou que os médicos de atenção básica devem ter uma formação abrangente, incluindo conhecimentos de geriatria, para que possam identificar comorbidades que se agravam com o envelhecimento, como doenças degenerativas, metabólicas, psiquiátricas e oncológicas. "Precisamos estar atentos, pois a longevidade aumentou, principalmente entre as mulheres. É essencial prestar atenção a esse público de forma ampla."
Segundo a Demografia Médica no Brasil 2025, o País possui aproximadamente 640 mil médicos, dos quais 40% atuam sem uma especialidade específica, atendendo principalmente na atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos prontos-socorros. "Cerca de 90% dos casos são resolvidos na atenção primária, e apenas os 10% restantes são encaminhados a especialistas. Por isso, mesmo ao praticar sua especialidade, os médicos precisam ter conhecimento da medicina geral para compreender melhor seus pacientes", afirma o presidente da AMB.
Ainda segundo a organização do evento, as discussões abrangem 54 especialidades médicas, que selecionaram temas para oferecer palestras aos médicos generalistas, utilizando uma linguagem adequada ao profissional de atenção geral, sendo o único evento desse tipo no País. "Este é um congresso que atende a todos os médicos, pois, primeiramente, sou um médico, depois, sou um especialista. Caso contrário, formaríamos especialistas desde o início", conclui Fernandes.