Pessoas 60+ precisam de prescrição médica para tomar vacina contra sarampo

Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde

Casos de sarampo no Brasil voltam a chamar a atenção para a necessidade de manter registros de vacinação em dia, explicam especialistas - Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde
Casos de sarampo no Brasil voltam a chamar a atenção para a necessidade de manter registros de vacinação em dia, explicam especialistas
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 22/08/2025, às 10h48

São Paulo, 22/08/2025 - Desde janeiro até o início deste mês, foram confirmados 10.139 casos de sarampo e 18 mortes relacionadas em 10 países das Américas. Isso representa um aumento de 34 vezes em comparação com o mesmo período de 2024, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

No Brasil, uma crescente de casos no Tocantins no final de julho e início de agosto voltou a despertar os cuidados em relação à proteção da doença. Até quarta-feira, o Estado havia registrado 56 casos da doença.

Embora a vacinação ainda seja a melhor forma de prevenção e indicada para todos a partir de um ano de vida, pessoas acima de 60 anos precisam de prescrição médica para acessar o produto. De acordo com Marco Tulio Cintra, geriatra, membro do Conselho Consultivo Pleno da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e diretor científico da SBGG/MG, a recomendação do Programa Nacional de Imunização indica que não é necessário vacinar todos os idosos para sarampo.

"Considerando pessoas que nasceram antes de 1965, seria indicada a vacinação apenas em caso de surto epidemiológico. Para quem nasceu antes dessa data, espera-se que tenha ocorrido contato com o vírus, não sendo necessário a vacina, salvo com prescrição médica."

A imunização contra sarampo é registrada na caderneta de vacinação como Tríplice Viral e protege contra sarampo, caxumba e rubéola, sendo indicada para crianças a partir de um ano de vida, em duas doses. Ela passou a ser oferecida no Brasil apenas em 1995, substituindo a vacinação monodose para sarampo.

Leia também: Por que a vacinação é essencial em todas as idades

"A vacinação está registrada em aplicativos apenas recentemente e a maioria das pessoas acima de 60 ainda tem o cartão da infância, que devem guardar com cuidado. Se o cartão for extraviado ou a vacinação desconhecida, é necessário avaliar a necessidade de vacinar novamente, tomando cuidados com pessoas imunossuprimidas, incluindo aquelas que estão em quimioterapia ou usando imunossupressores", completa Cintra. 

Rosane Argenta, sócia fundadora e CEO da rede de clínicas Saúde Livre Vacinas, diz que a imunização dessa doença também pode ser recomendada para pessoas 60+  em casos específicos, analisando histórico de exposição ao vírus. "Para adultos com esquema completo, não há evidências que justifiquem uma terceira dose como rotina", pondera.

A vacinação contra sarampo pode ser realizada na rede pública ou na rede privada. Argenta diz que a formulação é a mesma em ambos os casos. "A diferença é que a vacina da rede privada é monodose (a dose serve para apenas uma pessoa) e na rede pública é multidose, com várias doses em um mesmo frasco, e o profissional tem que aspirar a dosagem no momento da vacinação", explica.

Ela afirma ainda que no caso de pessoas com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), a vacina da rede pública fornecida pelo Laboratório Serum não pode ser aplicada, sendo necessário buscar a imunização com outros tipos.

Mas ainda existe sarampo no Brasil?

O sarampo é uma doença infecciosa grave e quem estiver infectado pode transmitir para 90% das pessoas próximas que não estejam vacinadas. Em 2016, a região das Américas foi declarada livre do tipo endêmico. Embora a transmissão tenha reaparecido na Venezuela e no Brasil em 2018 e 2019, ambos os países recuperaram seu status de eliminação em 2023 e 2024, respectivamente. 

No entanto, a OPAS alerta que manter o sarampo sob controle continua sendo um desafio, tanto pela circulação contínua do vírus em outras regiões do mundo quanto pela presença, em vários países da região, de comunidades resistentes à vacinação e com coberturas insuficientes.

Leia também: 7 vacinas que quem tem mais de 60 anos deve tomar para manter a saúde

A nível global, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) registram 239.816 casos suspeitos e 108.074 casos confirmados em todas as regiões da OMS até julho deste ano. A região do Mediterrâneo Oriental representa a maior proporção (35%), seguida pela África (21%) e Europa (21%).

Os surtos estão relacionados principalmente à baixa cobertura vacinal: 71% dos casos ocorreram em pessoas não vacinadas e 18% em indivíduos com situação vacinal desconhecida, destaca a OPAS.

Desde julho, o risco de retomada do sarampo tem mobilizado diversas redes de saúde no Brasil, que este mês passaram a reforçar os mutirões de vacinação, especialmente em crianças, adolescentes e adultos que não tiveram o esquema vacinal completo em duas doses. "Esses grupos apresentam mais riscos para contágio do que os idosos", pontua Cintra.

Palavras-chave sarampo saúde vacinação

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