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Por Manuela França*
redacao@viva.com.brSão Paulo, 03/10/2025 - O cuidado às pessoas que vivem com demência deve colocar a reabilitação no centro das estratégias de saúde. Essa é a principal mensagem do Relatório Mundial de Alzheimer 2025, divulgado pela Alzheimer’s Disease International (ADI) em colaboração com entidades de vários países, incluindo a Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz). O lançamento ocorreu no último dia 18, dentro da campanha Setembro Lilás.
O documento reúne evidências científicas e estudos de caso que demonstram o impacto positivo das terapias não farmacológicas, reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela ONU como serviços essenciais e direitos das pessoas com demência. Entre as abordagens estão práticas como psicoterapia, estimulação cognitiva, oficinas de memória e musicoterapia, que contribuem para preservar a autonomia e reduzir o estresse de pacientes e familiares cuidadores.
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No Brasil, duas iniciativas ganharam destaque. Em Belo Horizonte, o Programa de Extensão em Psiquiatria e Psicologia da Pessoa Idosa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece há oito anos acesso a terapias colaborativas e de baixo custo.
O caso clínico da equipe mineira mostra o impacto de um plano de cuidado personalizado para um homem de 77 anos, diagnosticado com Alzheimer em estágio inicial. As intervenções combinaram sessões individuais e em grupo, com lembretes visuais, organização do ambiente e simulações de tarefas cotidianas, enquanto a esposa, principal cuidadora, participou de encontros quinzenais para apoio na rotina e bem-estar. Como resultado, ele recuperou autonomia em atividades como fazer a barba, varrer a casa e cuidar do quintal, retomou o engajamento social e a espiritualidade, a esposa também relatou redução do estresse ao aprender novas estratégias de cuidado.
Outro exemplo brasileiro é o Instituto Não Me Esqueças, em Londrina (PR), que atende gratuitamente 130 famílias com oficinas de estimulação psicossocial, musicoterapia e grupos de convivência.
“No Instituto, acompanhamos nitidamente os efeitos positivos de atividades como musicoterapia e oficinas de memória para quem vive com demência. A ciência confirma aquilo que a prática já mostrava: é possível manter habilidades, ampliar a autonomia e reduzir o estresse, com recursos simples e apoio adequado”, afirma Elaine Mateus, presidente da Febraz e uma das fundadoras do INME.
O relatório também defende que a reabilitação seja incorporada rotineiramente após o diagnóstico, integrada aos planos nacionais de saúde, com capacitação das equipes e apoio estruturado às famílias. Além do impacto social, há também uma questão econômica: estima-se que os custos globais relacionados às demências alcancem US$ 2,8 trilhões por ano até 2030.
* Estagiária sob supervisão de Cláudio Marques
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