Golpe da Mão Fantasma volta a fazer vítimas; saiba como se proteger

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Com o uso cada vez maior de aplicativos bancários, os golpistas também se sofisticaram - Foto: Envato Elements
Com o uso cada vez maior de aplicativos bancários, os golpistas também se sofisticaram

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 07/07/2025, às 13h43

São Paulo, 07/07/2025 - Com o avanço da tecnologia e o uso cada vez maior de aplicativos bancários, os golpistas também se sofisticaram. Um dos esquemas mais perigosos da atualidade é o chamado “Golpe da Mão Fantasma”.

De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse golpe, o criminoso entra em contato com a vítima, fingindo ser funcionário do banco, e pede que ela instale um aplicativo para resolver um problema urgente na conta, como movimentações suspeitas, invasões ou clonagens.

Esse aplicativo, no entanto, é uma ferramenta legítima de acesso remoto, como as usadas por empresas durante o home office. Uma vez instalado e autorizado, o golpista passa a controlar o celular da vítima à distância, acessando apps, dados bancários, senhas e até fazendo transações.

O banco nunca liga pedindo para que você instale qualquer aplicativo. Desligue na hora e contate o banco por outro número", alerta Walter Faria, diretor-adjunto da Febraban.

Onde mora o perigo?

Apesar do nome curioso, o golpe é extremamente sofisticado e perigoso. Após obter acesso ao celular:

  • O criminoso navega como se fosse o próprio dono, acessando e-mails, blocos de notas, WhatsApp e aplicativos bancários.
  • Muitos usuários guardam senhas salvas em locais inseguros, facilitando a ação do golpista.
  • O invasor pode inclusive usar o Pix ou contratar empréstimos no nome da vítima.

Como se proteger?

A Febraban orienta os consumidores com regras simples e eficazes:

  1. Nunca instale apps por recomendação de terceiros, mesmo que pareça alguém do banco.
  2. Use apenas os aplicativos oficiais, baixados da Google Play ou App Store.
  3. Jamais forneça senhas, códigos ou tokens por telefone ou mensagem.
  4. Ative a verificação em duas etapas nos aplicativos de banco e e-mail.
  5. Cadastre limites para transferências via Pix, especialmente à noite.
  6. Suspeite de ligações urgentes e com tom alarmista, é uma das principais táticas de manipulação emocional (engenharia social).

E se eu cair no golpe? O banco é obrigado a devolver o dinheiro?

Nem sempre. Mesmo com um prejuízo bilionário de R$ 4,9 bilhões em fraudes via Pix em 2024, o entendimento da Justiça tem sido mais restritivo.

Segundo o advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em Direito do Consumidor, o reembolso só ocorre quando é comprovada falha do banco. Caso contrário, a responsabilidade pode recair sobre a própria vítima.

Se a pessoa instala o app por vontade própria e realiza transferências, a Justiça entende que o banco não tem como prever ou impedir a operação".

Quando o banco deve ressarcir?

  • Clonagem de cartão ou vazamento de dados.
  • Falha nos mecanismos de autenticação.
  • Inexistência de bloqueio em transações atípicas.
  • Golpes que simulam o próprio sistema do banco.
  • Vítimas notoriamente vulneráveis (idosos, PCDs, analfabetos digitais).

Investimentos em segurança bancária

Segundo a Febraban, os bancos investem cerca de R$ 5 bilhões por ano em tecnologia de segurança. Os apps bancários contam com criptografia, biometria, tokenização e IA para proteção contínua. Além disso, há cooperação com a Polícia Federal por meio da Operação Tentáculos, que já realizou mais de 60 ações contra golpistas.

A prevenção ainda é o melhor caminho

O site oficial antifraudes da Febraban (antifraudes.febraban.org.br) reúne informações e vídeos atualizados sobre os principais golpes digitais, além de dicas de segurança para a população.

Dicas rápidas para não cair em golpes digitais

  • Desconfie de ofertas ou promessas boas demais.
  • Nunca clique em links enviados por desconhecidos.
  • Evite guardar senhas em blocos de notas ou mensagens.
  • Confirme ligações por outro número oficial do banco.
  • Não compartilhe dados pessoais sem certeza da fonte.

O “Golpe da Mão Fantasma” é um exemplo claro de como a engenharia social e o acesso remoto podem ser combinados para fraudes cada vez mais complexas. Apesar do avanço da tecnologia bancária, a principal linha de defesa ainda é o próprio usuário. Portanto, fique atento. Com boas práticas digitais, é possível navegar no mundo financeiro com segurança.

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