Primeiro acesso à internet por crianças de até 6 anos triplicou em 13 anos

São Paulo, 22/10/2025 - A porcentagem de crianças de até 6 anos que acessam a internet pela primeira vez triplicou nos últimos 13 anos. É o que aponta a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). 

Em 2012, a porcentagem de crianças dessa faixa etária que acessaram a internet pela primeira vez foi de 9%; em 2025 esse número saltou para 28%. Por metodologia da pesquisa, o foco da maioria dos dados está no grupo acima dos 9 anos. 

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O aumento do contato com a internet por crianças ainda na primeira infância pode se tornar preocupante frente ao tempo que elas ficam em frente às telas. Um levantamento feito pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em agosto aponta que 94% das crianças entre 4 e 6 anos estão expostas diariamente às telas. 

A pesquisa chamada “Panorama da Primeira Infância” também revela que os brasileiros ainda não se preocupam tanto com os impactos do uso de telas por crianças na primeira infância: apenas 55% acredita que esse uso pode acarretar em problemas. 

O papel dos responsáveis 

Quando o assunto é o uso seguro da Internet, pais e responsáveis buscam orientação principalmente com as próprias crianças ou adolescentes (50%) e com familiares ou amigos (48%). A coordenadora da pesquisa, Luísa Adib, reforça que a internet não foi concebida pensando na presença das crianças, por isso o compromisso não deve ser apenas dos pais, mas um cuidado ativo do governo, empresas e educadores.

A pesquisa também revela um forte apoio mútuo: 31% dos jovens afirmam ajudar seus pais ou responsáveis em atividades online, enquanto 44% dos pais/responsáveis dizem conversar com as crianças e adolescentes sobre o que elas fazem na rede. Adib afirma este diálogo é o caminho ideal para desenvolver as habilidades das crianças de forma segura:

"A mediação ativa e a orientação são muito mais eficazes do que somente restringir o acesso. É importante que a criança esteja protegida na internet, não da internet"

Frequência de uso e impacto no ambiente escolar

De acordo com a pesquisa, 92% dos brasileiros entre 9 e 17 anos acessam a internet. O meio mais comum é o celular, usado várias vezes ao dia por 74% dos entrevistados; seguido pela televisão (35%) e pelo computador(8%).

A proporção dos usuários nessa faixa que acessaram a Internet na escola, que vinha em uma crescente desde 2019, apresentou uma queda após a sanção em janeiro da Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nestes ambientes; Passando de 51% (2024) para 37% (2025).

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Quanto à Inteligência Artificial, 59% das crianças e dos adolescentes recorrem à tecnologia para realizar pesquisas escolares. Outros usos incluem a procura por informações (42%), a criação de conteúdo como textos e imagens (21%) e conversas sobre problemas pessoais ou emoções (10%).

Exposição à publicidade

Segundo declaração dos responsáveis, 45% das crianças e adolescentes tiveram contato com propaganda não apropriada para a idade, e 51% pediram algum produto após ver um anúncio na Internet. A percepção sobre a personalização de anúncios também é alta: 65% dos usuários de 11 a 17 anos concordaram que falar ou pesquisar sobre um produto aumenta a quantidade de propagandas que recebem sobre ele.

Quanto a divulgação de casas de aposta, da faixa etária entre 11 a 17 anos, 53% reportaram contato com esse tipo de conteúdo online. A exposição foi maior entre os adolescentes de 15 a 17 anos (63%). Ainda nesta faixa, apenas 54% sabem diferenciar conteúdo patrocinado e não patrocinado online

“Os dados revelam uma alta exposição de crianças e adolescentes à conteúdos mercadológicos online, que, muitas vezes, vem disfarçada de entretenimento. A percepção dos jovens sobre a personalização de anúncios acende um alerta sobre a necessidade de desenvolver a literacia midiática e de dados desde cedo.”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Sobre a pesquisa

A 12ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.370 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre março e setembro de 2025.

*Estagiário sob supervisão de Silvia Araujo