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São Paulo, 24/06/2025 - É cada vez mais comum o uso da Inteligência Artificial; especialmente as tecnologias de “Modelos de linguagem de grande escala”, (LLM) como o ChatGPT, que simulam diálogos e conseguem gerar textos. No entanto, um estudo recente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) indica que este uso pode estar afetando nosso pensamento crítico e aprendizado.
Para a realização do estudo denominado Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task, os pesquisadores selecionaram 54 voluntários, entre 18 e 39 anos, e pediram que escrevessem três textos, com nove possíveis temas retirados do SAT, exame de qualificação de ensino semelhante ao Enem. O grupo foi dividido da seguinte forma
Durante a escrita, os participantes usaram um aparelho de EEG, que serve para medir a atividade cerebral. Após esta etapa, os textos foram enviados para análise por dois professores de inglês, que não sabiam de qual grupo partiu cada artigo. Os participantes responderam perguntas relacionadas à produção e ao conteúdo do texto.
Primeiramente, analisando a atividade cerebral, o grupo que se valeu do ChatGPT teve o menor índice de atividade cognitiva, e a menor ativação das áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento crítico; enquanto os grupos que tiveram acesso à pesquisa ou sem qualquer ajuda tiveram um nível próximo de atividade cognitiva.
Durante a entrevista pós-teste, o grupo 1 teve a menor capacidade de recordar trechos do texto escrito, enquanto o grupo 3 teve a maior. O grupo com apoio da IA também sentiu menos satisfação com o resultado, e menor proximidade com o que foi escrito.
Essa sensação se refletiu na avaliação dos professores: aqueles escritos pela máquina foram classificados como mais parecidos entre si e com menos personalidade.
Os resultados da pesquisa ainda não têm grande força acadêmica. Primeiramente, por ela ter sido realizada em um grupo considerado pequeno; e principalmente por ainda não ter passado por outros especilistas, processo chamado de “revisão por pares”, que pode levar de seis a oito meses.
Os responsáveis pela pesquisa estão cientes disso. Em entrevista ao portal americano Time, Nataliya Kosmyna, principal autora do estudo, afirmou que:
“O que realmente me motivou a publicar isso agora, antes de esperar por uma revisão completa por pares, é o medo de que em 6 a 8 meses algum legislador decida: ‘vamos fazer o jardim de infância do GPT.’ Acho que isso seria absolutamente ruim e prejudicial. Um cérebro em desenvolvimento está em risco máximo".
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