Profissional qualificado está mais pessimista, mas ainda busca se movimentar

Ketut Subiyanto / Pedxels

Confiança do trabalhador cai e sinaliza cautela no mercado de trabalho, diz pesquisa da Robert Half - Ketut Subiyanto / Pedxels
Confiança do trabalhador cai e sinaliza cautela no mercado de trabalho, diz pesquisa da Robert Half
Por Cláudio Marques claudio.marques@viva.com.br

Publicado em 31/07/2025, às 08h18

São Paulo, 31/07/2025 - Os profissionais qualificados estão menos confiantes no futuro, mas ainda assim devem manter em alta a rotatividade voluntária nesse segmento, de acordo com o estudo Índice de Confiança Robert Half, elaborado pela consultoria. O estudo aponta cautela no mercado de trabalho. 

O levantamento foi construído a partir da percepção de um total de 1.161 profissionais. Essa mostra foi dividida igualmente em três categorias, com 387 respondentes em cada uma: recrutadores (profissionais que atuam diretamente no preenchimento de vagas), profissionais qualificados empregados e profissionais qualificados desempregados (com 25 anos ou mais e formação superior). O indicador varia de 0 a 100, sendo que acima de 50 pontos é indicador de confiança. A margem de erro é de 5,5% e o intervalo de confiança é de 95%.

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O resultado consolidado (envolvendo as três categorias) apurado nesta 31ª edição do levantamento indica que o índice atual de confiança caiu de 39,9 para 38,6 (-1,2) em relação à pesquisa de novembro de 2024, enquanto o índice em relação à confiança no futuro recuou de 45,4 para 43,3 (-2,2).

Segundo a consultoria, no segundo caso, os resultados indicam uma visão mais pessimista sobre os próximos meses, enquanto a retração menos acentuada no índice atual sugere certa estabilidade no curto prazo.

Ao se fazer o recorte por cada uma dessas categorias, as porcentagens apuradas foram: 45,5 de confiança no futuro do mercado de trabalho e 37,2 em relação ao panorama atual entre os contratantes; 44,6 e 45,9 respectivamente entre os profissionais empregados e 43,3 32,8 entre os desempregados

Demissão voluntária

A consultoria cita dados do IBGE mostrando que o desemprego atingiu 6,2% nos primeiros meses deste ano, enquanto para a mão de obra especializada fica em torno de 3%, para basear a argumentação de que, com mais segurança para buscar novas oportunidades, a movimentação voluntária de trabalhadores qualificados deve seguir em alta. 

No entanto, 55,17% das pessoas empregadas entrevistadas dizem que conseguir trabalho hoje está mais difícil, enquanto entre as desempregadas o índice vai a 69,3%.

A movimentação realizada por trabalhadores qualificados está associada a:

  • busca por melhor qualidade de vida (58%)
  • aquecimento do mercado de trabalho (53%) e
  • retorno ao modelo totalmente presencial (51%). 
“A movimentação  voluntária de profissionais qualificados reflete, na verdade, um mercado de trabalho mais dinâmico e aquecido, no qual as baixas taxas de desemprego dão mais segurança aos talentos para buscarem novas oportunidades”, afirma Maria Sartori, diretora da Robert Half.

“O modelo de trabalho continua sendo um ponto sensível: a imposição do presencial ainda desagrada boa parte dos profissionais, especialmente aqueles que já vivenciaram a flexibilidade e não desejam abrir mão desse benefício”, acrescenta, numa referência ao trabalho remoto e híbrido.

Modelo híbrido

Um outro levantamento realizado pela empresa de tecnologia Cisco traz resultados nesse sentido. Segundo a pesquisa, 78% dos trabalhadores de alto desempenho avaliam deixar a empresa, caso as políticas de trabalho não sejam flexíveis o suficiente (apenas 34% preferiam trabalhar no escritório). E 50% deles trabalham para organizações que exigem menos de três dias no escritório por semana. 

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Considerando-se o universo de todos os trabalhadores entrevistados, e não apenas os de alto desempenho, 63% aceitariam cortes nos seus ganhos se pudessem trabalhar remotamente com mais frequência. Os dados fazem parte da pesquisa “Navegando por Estratégias de Trabalho Híbrido em Ambientes de Trabalho em Evolução”, realizada pela empresa de tecnologia Cisco com 21.513 empregadores e funcionários de diversos setores em 21 países.

Novas oportunidades

De acordo com a Robert Half, além da possibilidade de trabalho remoto ou híbrido e sem considerar a questão salarial, o que os trabalhadores mais levam em consideração na hora de aceitar uma nova oportunidade são pacote de benefícios, possibilidade de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, perspectiva de crescimento e distância entre a casa e o trabalho.

“É importante entender que a rotatividade voluntária não é, por si só, um problema. Quando bem gerida, ela tende a renovar a equipe e trazer perspectivas diferentes, o que contribui para a inovação. O ponto de atenção está nos extremos, tanto o turnover alto quanto o muito baixo podem sinalizar desequilíbrios”, diz Maria Sartori.

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