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65% dos trabalhadores buscam requalificação com foco em tech, diz WEF

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Trabalhadores 50+ devem se responsabilizar pela própria formação; lema é ser dono da carreira, segundo professor - Envato
Trabalhadores 50+ devem se responsabilizar pela própria formação; lema é ser dono da carreira, segundo professor
Emanuele Almeida
Por Emanuele Almeida

Publicado em 28/10/2025, às 08h12

São Paulo, 27/10/2025 – O mercado de trabalho passa por mudanças profundas com o avanço da tecnologia. É o que indica o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum - WEF), segundo o qual 65% dos trabalhadores globais consideram necessária a requalificação e a busca por novas competências para manter a relevância diante das novas aptidões.

A requalificação dos trabalhadores acompanha a priorização do desenvolvimento de habilidades tecnológicas. O estudo aponta que o foco está em competências como:

  • Inteligência artificial;
  • Big Data (grandes conjuntos de dados complexos);
  • Segurança cibernética.

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De acordo com os empregadores entrevistados, a ampliação do acesso a essas tecnologias é uma das transformações mais impactantes. A inteligência artificial e o processamento de informações lideram a lista de prioridades (86%) das mais de mil empresas entrevistadas ao redor do mundo, por serem fatores de rápido crescimento e adoção pelas companhias.

Brasil na corrida por qualificação

O mercado de trabalho brasileiro busca, assim como o estrangeiro, profissionais cada vez mais capacitados em tecnologia, além de tentar reter e desenvolver aqueles que já estão empregados.

A FDC auxilia o Fórum Econômico Mundial com a análise dos dados do Brasil para o relatório oficial, lançado no início do ano, e aponta que 37% das habilidades dos trabalhadores brasileiros irão mudar até 2030, com quase 9 em cada 10 empresas no País buscando aprimorar as habilidades da sua força de trabalho nos próximos 5 anos, com foco em:

  • IA;
  • Big Data;
  • Pensamento crítico;
  • Alfabetização tecnológica e lógica geral.

Contudo, segundo o professor Hugo Tadeu, diretor da área de Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC), o Brasil ainda está atrás na corrida por talentos qualificados.

“Se pegarmos apenas o número de engenheiros formados no Brasil, ele está muito abaixo do potencial e de uma análise comparativa com países como Estados Unidos e China”, avalia o professor.

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Tadeu complementa que, entre os profissionais formados, poucos possuem habilidades necessárias em IA, programação, como Python, e ciência de dados.

“Isso ocorre, porque existe um vácuo de formação nas universidades tradicionais. Esse é um dos motivos pelos quais, além do nosso relatório, observamos o surgimento de várias escolas de computação no Brasil financiadas por doações para suprir essa demanda”, aponta o professor da FDC.

Trabalhadores 50+

As transformações no mercado de trabalho impactam não apenas os novos talentos a serem contratados, mas também os que já estão empregados. Trabalhadores com mais de 50 anos somam mais de 13 milhões no Brasil, segundo dados de 2022 da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) -- um documento que as empresas enviam anualmente ao governo federal para coletar dados sobre o mercado de trabalho formal no Brasil.

Homem mais velho acenando enquanto trabalha com computador em sua frente
Aquisição de habilidades em ferramentas básicas de inteligência artificial, como ChatGPT ou Copilot, tende a ser exigida na maioria dos cargos (Foto: Envato)

Diante desse cenário, Hugo Tadeu lembra que muitas empresas, como a Microsoft, avaliam a manutenção de empregos com base no conhecimento dos funcionários sobre novas tecnologias.

“Dessa forma, a empresa analisa o quanto você, empregado, pode continuar ou não. Isso porque essas organizações começam a calcular o custo homem-hora, adotando ou não tecnologia, para avaliar a continuidade da contratação”, alerta Tadeu.

Embora esse cenário seja mais comum em empresas de tecnologia, a aquisição de habilidades em ferramentas básicas de inteligência artificial, como ChatGPT ou Copilot, tende a ser exigida na maioria dos cargos.

Isso se torna ainda mais relevante ao considerar que grande parte dos trabalhadores 50+ ocupa funções de baixa remuneração e exigência educacional, que também passarão a demandar conhecimentos básicos em novas tecnologias.

O levantamento com base em dados da RAIS indica que cargos como assistente administrativo e auxiliar de escritório prevalecem nessa faixa etária.

“Seja dono da própria carreira”

Para acompanhar as mudanças do mercado, o relatório do Fórum Econômico Mundial mostra que sete em cada dez trabalhadores entrevistados buscam oportunidades de treinamento oferecidas pelas empresas, além de estarem dispostos a dedicar tempo fora do expediente para cursos.

Contudo, o professor da FDC alerta os profissionais com mais de 50 anos a não depositarem no empregador a total responsabilidade pela própria formação. “Há vários anos observamos que as empresas têm reduzido o investimento nesse tipo de capacitação”, ressalta.

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Por isso, ele recomenda que esses trabalhadores “sejam donos da própria carreira”, sendo curiosos e testando, aos poucos, o que cada tecnologia pode oferecer de útil à sua profissão — evitando, assim, o risco de se tornarem “excluídos digitais”.

Ele destaca ainda que, para aqueles que tiverem o incentivo e as capacitações oferecidas pela empresa, é importante aproveitar a oportunidade. Mas, caso ainda não haja essa iniciativa no local de trabalho, o ideal é começar por conta própria.

Como começar

A própria OpenAI, criadora do ChatGPT, oferece uma academia de capacitações gratuitas em inteligência artificial. Para acessar, basta criar uma conta. Entre os conteúdos disponíveis estão:

Sobre a pesquisa

No total, o conjunto de dados do Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025 contém 1.043 respostas únicas de empresas globais, representando coletivamente mais de 14,1 milhões de funcionários em todo o mundo em 52 países participantes, inclusive o Brasil. 

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