Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]Apesar de quase todas as empresas brasileiras afirmarem que a inovação faz parte de seu planejamento estratégico, poucas conseguem transformar esse discurso em prática estruturada.
Essa é a principal conclusão de um estudo inédito da consultoria PALAS, especializada em gestão da inovação e pioneira na implementação da norma ISO 56001 no Brasil.
O levantamento ouviu 198 empresas de diferentes portes e setores, como alimentos, energia, farmacêutico e construção civil. De acordo com os dados, 96% das companhias dizem priorizar a inovação no plano estratégico, mas apenas 56% têm processos claros e bem definidos para inovar. O dado revela um grande descompasso entre o que as empresas almejam e o que realmente conseguem executar.
A maioria das empresas reconhece a importância da inovação, mas falha na hora de colocar isso em prática de forma consistente:
Embora 79% apontem uma liderança engajada, apenas 52% oferecem treinamentos contínuos. Além disso, 72% contam com equipes dedicadas à inovação, mas só 54% dessas equipes têm papéis e responsabilidades formalmente definidos.
“Isso mostra que há vontade, mas ainda falta preparo”, afirma Alexandre Pierro, fundador da PALAS. Segundo ele, muitas empresas desmobilizaram suas áreas de inovação após o boom da pandemia, justamente por não conseguirem gerar resultados concretos. “Sem método e estrutura, a inovação vira só discurso”, completa.
Outros dados preocupantes:
Segundo Pierro, muitas empresas confundem inovação com invenção. “Inovação é aquilo que gera resultado: mais receita, menos custo. Sem processos, é impossível transformar ideias em valor.”
A PALAS é responsável por implementar a ISO 56001, uma norma internacional de gestão da inovação, em empresas como Grupo Boticário, Atento, CPFL, Copel, Eneva e State Grid Brazil. A metodologia foi desenvolvida ao longo de 11 anos, com a participação de 164 países membros da ISO (International Organization for Standardization), e tem como objetivo criar uma cultura de inovação mensurável, repetível e sustentável.
Antes de aplicar a norma, a consultoria realiza um diagnóstico. Depois da implementação, os resultados são comparados. Em média, o entendimento sobre temas como metas, processos e ferramentas triplica em todos os níveis da empresa. No nível estratégico, por exemplo, a compreensão desses conceitos salta de 35% para 87%.
Pierro cita o caso de uma empresa que, ao implementar a ISO de inovação, viu a participação da inovação em seu faturamento crescer de 2,5% para 9% no primeiro ano. Cinco anos depois, esse percentual chegou a 17%, o equivalente a R$ 500 milhões anuais. “É uma prova concreta de que inovação não é só ideia nova. É resultado”, afirma o consultor.
O estudo da PALAS escancara uma realidade comum: as empresas querem inovar, mas ainda operam no improviso. Com processos bem definidos, metas claras e acompanhamento de resultados, é possível transformar boas ideias em desempenho real. Sem isso, inovação permanece no papel, e o potencial de crescimento, também.
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