Sem celular em classe, 83% dos estudantes dizem prestar mais atenção às aulas

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No ensino fundamental, o índice dos alunos que dizem estar prestando mais atenção às aulas é maior e chega a 88% - Envato
No ensino fundamental, o índice dos alunos que dizem estar prestando mais atenção às aulas é maior e chega a 88%
Por Cláudio Marques claudio.marques@viva.com.br

Publicado em 24/09/2025, às 09h16

São Paulo, 24/09/2025 - Uma pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação em parceria com o Equidade.info, iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education, apurou que 83% dos estudantes brasileiros têm prestado mais atenção às aulas depois da proibição do uso de celulares. A lei que estabeleceu essa restrição foi sancionada em janeiro de 2025 após aprovação unânime no Congresso. 
De acordo com o estudo, os porcentuais variam de acordo com a fase escolar. No fundamental, que contempla crianças com média de 6 a 15 anos de idade, é maior o entendimento de que houve melhora, com o índice chegando a 88%, enquanto no ensino médio, que atinge alunos acima de 15 anos, atingiu 70%. Para os envolvidos na pesquisa, esse índice indica que há mais desafios para a implementação da medida nesta etapa.
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O levantamento também apurou que, em contrapartida, 44% dos alunos disseram que sentir mais tédio sem os celulares durante os intervalos e os recreios. Esses números são mais elevados entre estudantes do ensino fundamental (47%) e do período matutino (46%). Além disso, 49% dos professores relataram aumento de ansiedade entre os alunos com a ausência do uso do celular.
Mais um dado detectado pela pesquisa foi a queda nos casos de bullying virtual: 77% dos gestores e 65% dos professores relataram diminuição desses casos dentro das escolas. No entanto, somente 41% dos alunos afirmaram sentir essa mudança, o que sugere que parte dos conflitos pode não estar sendo reportado pelos estudantes ou percebido por professores e gestores escolares.
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"Percebemos avanços claros no foco e na atenção dos alunos nesse novo levantamento, especialmente nos anos iniciais”, afirma Claudia Costin, presidente do Equidade.info.
“No entanto, identificamos que os desafios são maiores no ensino médio, onde a ansiedade e o tédio sem o celular são mais presentes. Houve uma queda significativa no bullying virtual na visão dos gestores, mas é crucial ouvirmos os estudantes que ainda sentem o problema. Ou seja, a conclusão é que a restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade", ressalta Costin.
“O resultado que vemos hoje é a confirmação de que a educação precisa ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos nossos jovens”, afirma o deputado Rafael Brito (MDB-AL), presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação.
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Responsável pela pesquisa, o professor Guilherme Lichand, coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education, destaca que os dados reforçam a necessidade de estratégias diferenciadas por faixa etária e rede de ensino, bem como o desenvolvimento de práticas pedagógicas que mantenham os estudantes engajados e promovam seu bem-estar mesmo sem o celular em sala de aula.
O estudo ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores em escolas públicas municipais, estaduais e privadas de todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025, sendo que as margens de erro para cada perfil são de ±1,8 pp, ±5,0 pp e ±6,6 pp, respectivamente. A pesquisa utiliza uma amostra longitudinal representativa, que cobre todos os estados brasileiros e inclui escolas públicas, privadas, urbanas, rurais e de todas as modalidades.

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