Jornada 4x3: pesquisa indica que trabalhar menos poderia melhorar a saúde

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Segundo o estudo, o formato 4x3 tem se mostrado uma ferramenta estratégica no recrutamento e na retenção de talentos - Foto: Envato Elements
Segundo o estudo, o formato 4x3 tem se mostrado uma ferramenta estratégica no recrutamento e na retenção de talentos

Por Joyce Canele

redacao@viva.com.br
Publicado em 28/07/2025, às 14h23 - Atualizado às 14h24

Reduzir a jornada semanal de trabalho para 4 dias poderia ser benéfico para a saúde física e mental dos trabalhadores, segundo estudo internacional liderado pelo Boston College, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica Nature Human Behaviour neste ano.

A pesquisa acompanhou por seis meses 141 empresas em países como Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos, todas dispostas a experimentar uma mudança no modelo de jornada tradicional.

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De acordo com os dados publicados na Nature, cerca de 2.900 funcionários participaram da análise. As empresas que adotaram a semana reduzida mantiveram o mesmo salário dos empregados, como se eles continuassem trabalhando cinco dias por semana. Já o grupo de controle, formado por 12 empresas, manteve a rotina tradicional.

Quais foram os resultados? 

Os resultados apontaram para queda significativa nos níveis de exaustão e estresse entre os profissionais das companhias com jornada reduzida. Além disso, segundo a pesquisa, houve melhora na:

  • Saúde mental
  • Saúde física
  • Aumento na satisfação com o trabalho.

Embora o estudo tenha envolvido empresas que já valorizavam o bem-estar dos funcionários, o que pode ter influenciado os resultados positivos, os autores do estudo acreditam que companhias mais rígidas poderiam observar benefícios ainda maiores.

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Os impactos na saúde física, especialmente em doenças associadas ao estresse, como hipertensão, distúrbios do sono e diabetes, ainda precisam de mais tempo de análise para serem medidos com precisão.

Jornada de trabalho no Brasil

No Brasil, o debate sobre novas formas de organização da jornada de trabalho também começa a ganhar força. Um dos principais alvos das críticas é a escala 6×1, ainda comum em setores como comércio, bares, hotéis e serviços administrativos.

Essa configuração, que prevê seis dias consecutivos de trabalho para apenas um de descanso, está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com jornada semanal de 44 horas.

Segundo a Câmara dos Deputados, a deputada federal Erika Hilton com o objetivo de valorizar a vida além do trabalho, apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para implementar a escala 4×3, ela está entre os nomes que lideram a discussão no país. A proposta também foi defendida por centrais sindicais durante as manifestações do 1º de maio deste ano.

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Segundo o estudo, a aplicação de uma semana com três dias de descanso pode variar conforme o ramo da empresa. Em alguns casos, a produtividade dos cinco dias pode ser mantida com medidas como a eliminação de reuniões desnecessárias e a reorganização de processos internos.

Mesmo quando há uma leve queda no desempenho, a melhoria no bem-estar tende a compensar, inclusive no ambiente corporativo.

90% das empresas que participaram do experimento decidiram manter o modelo de jornada reduzida após o fim do estudo

Além dos benefícios à saúde, o novo formato tem se mostrado uma ferramenta estratégica no recrutamento e na retenção de talentos. Algumas companhias relataram que, mesmo com ofertas de salário maiores, seus funcionários não aceitariam voltar ao modelo tradicional de cinco dias.

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Os efeitos da jornada mais curta também foi observado em testes com empresas brasileiras, que reportaram até mesmo aumento na produtividade. A pesquisa indica que, ao priorizar o bem-estar dos colaboradores, as empresas têm a chance de melhorar o ambiente de trabalho, fidelizar equipes e, ao mesmo tempo, manter ou ampliar seus resultados.

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