Brasília, 10/10/2025 - O ministro Luís Roberto Barroso disse que deixa o Supremo Tribunal Federal (STF) com planos voltados à vida acadêmica. Após participar nesta quinta-feira, 9, de sua última sessão na Corte, Barroso afirmou que aceitou convites de universidades no exterior e pretende dedicar-se à escrita e à docência.
"Não tenho nenhum projeto delineado, mas tive a sensação no meu coração de ter cumprido um ciclo", afirmou em coletiva de imprensa após anunciar sua aposentadoria antecipada.
Assim como no discurso, disse em entrevista coletiva logo depois da sessão que a decisão de se aposentar não tem relação com a conjuntura política, mas aguardou o momento mais adequado. "Era meu dever estar aqui durante o julgamento do golpe. Não gostaria de sair em momento confuso. Agora o País está bem", disse.
Barroso contou que pretendia fazer um retiro e anunciar o afastamento ao retornar, mas decidiu antecipar o comunicado por causa das especulações sobre o tema. Ele afirmou que deixará três pedidos de vista prontos para devolução antes de sair, sendo a última demanda para encerrar seus trabalhos.
Ainda comentando sobre o futuro, o ministro reduziu as chances de ocupar cargos públicos. "Não tenho pretensão de embaixada, nem coisa alguma, nunca insinuei nada. Quero servir ao Brasil como intelectual", afirmou.
Barroso disse que continuará vivendo entre o Rio de Janeiro e Brasília e que pretende manter o vínculo com o País. "Vou sentir falta do convívio, do afeto, de pensar o Brasil (no STF). Sou uma pessoa apaixonada pelo Brasil. Estou saindo do STF, mas não abandonando o Brasil", declarou.
Barroso diz esperar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique para sua vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) uma pessoa com "integridade, civilidade e idealismo". Para o ministro, o Brasil tem muitos nomes qualificados para o cargo e elogiou as últimas escolhas de Lula para a Corte.
"Tem muita gente competente no País para assumir a vaga. O presidente mandou para cá dois ministros excepcionais", disse, referindo-se a Flávio Dino e o Cristiano Zanin.
Segundo ele, Lula já suspeitava da decisão, mas que ainda não conseguiu conversar diretamente com o presidente sobre o assunto. Durante o discurso no plenário, o ministro lembrou que havia comunicado a Lula, há dois anos, sobre a intenção de antecipar a saída. "Achei que cumpri meu papel e que era tempo de ceder lugar para outra pessoa", afirmou.
O ministro reafirmou sua defesa por um mandato de 12 anos para os integrantes do Supremo, modelo adotado na Alemanha. "Sempre defendi o mandato alemão de 12 anos", disse. Ele também destacou que, filosoficamente, é favorável à ampliação da presença feminina no Judiciário. "Sou defensor de mais mulheres nos tribunais superiores", afirmou.