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Por Paula Bulka Durães
[email protected]São Paulo, 20/05/2025 - O número de casamentos entre homens e mulheres com mais de 50 anos no Brasil aumentou mais de 4% entre 2022 e 2023, segundo o levantamento de Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa crescente se dá em um momento em que a oficialização do matrimônio em geral cai no Brasil – em 2023, foram contabilizados 940 mil registros no civil, 3% a menos do que no ano anterior.
Em um comparativo mais amplo, os casamentos nessa faixa etária aumentaram quase 308% em vinte anos, passando de 17,6 mil para 71,8 mil.
De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, a retomada da atividade econômica pode estar associada com o crescimento de casamentos depois dos 50. “As pessoas mais velhas costumam estar mais estabilizadas financeiramente, com um rendimento médio mais elevado e isso pode contribuir, assim como outros fatores, como a vontade de compartilhar uma vida a dois e construir uma família”.
Porém, considerando todas as idades, o número de matrimônios está caindo desde 2016, com uma diminuição mais acentuada na época da pandemia, entre 2019 e 2020.
A readaptação a uma vida conjugal pode explicar o porquê as pessoas optam por esperar para casar se novamente, explica a psicóloga e psicanalista Alessandra Araújo. “É muito sobre uma bagagem emocional, da relação com os filhos, de como inserir uma pessoa nova naquela rotina, e, ao mesmo tempo, existe o fator medo, gatilhos de uma relação anterior”.
A jornalista Anna Paula Franco, 54, decidiu se casar pela segunda vez aos 48 anos, depois de quase oito anos de namoro. Para ela, a maturidade é a chave para uma vida compartilhada. “Quando começamos a nos relacionar, meus filhos eram crianças, o que sempre desencorajou qualquer decisão de morar junto. Mesmo o início do casamento foi em casas separadas, mas justamente essa fase agora nos permitiu superar todos os percalços de dividir uma rotina, sonhos e cuidado”.
Enquanto aumentam os casamentos, cresce também o número de divórcios depois dos 50. De acordo com o IBGE, foram oficializados 92,2 mil rompimentos em 2023, 8% a mais do que no ano anterior. Para Araújo, o desejo de viver uma vida mais independente pode explicar esses números.
“Nessa fase da vida, as pessoas conseguem ter um olhar mais maduro e menos tolerante a divergências no casamento. Os filhos já estão crescidos, já saíram de casa e o casal se vê pela primeira vez em muitos anos sozinho novamente".
Nesse momento, a relação toma um novo rumo, com a oportunidade fortalecer os laços, romper de vez ou até culminar na síndrome do ninho vazio. No caso das mulheres que optam pelo divórcio, muitas manifestam procuram seguir a vida com mais autonomia financeira e emocional, afirma a psicóloga.
A pesquisa também mostrou que a idade em que os homens se divorciam é, em geral, maior do que a das mulheres. Em 2023, na data da separação, os homens tinham em média 44,3 anos, enquanto as mulheres 41,4.
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