O que é BPC e quem tem direito?
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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 18/07/2025 - O governo federal atualizou as regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), programa essencial para garantir renda mínima a idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social.
O valor mensal é de R$ 1.518, correspondente ao salário mínimo de 2025, e pode ser pago mesmo para quem nunca contribuiu ao INSS.
A mudança amplia o número de beneficiários e gera impacto direto no orçamento público, segundo projeções do Centro de Liderança Pública (CLP).
O que é o BPC/Loas e quem pode receber?
O BPC é um benefício assistencial pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas não está vinculado à aposentadoria, ou seja, não exige contribuição prévia à Previdência Social. O programa é garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Segundo o portal do Governo Federal (gov.br), têm direito ao BPC:
- Idosos com 65 anos ou mais.
- Pessoas com deficiência de qualquer idade, que comprovem impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais de longo prazo.
- Famílias com renda per capita de até um salário mínimo (R$ 1.518 em 2025), após novo decreto.
Vale lembrar que o BPC não paga 13º salário, não gera pensão por morte e não é cumulativo com outros benefícios assistenciais ou previdenciários.
O que mudou com o novo decreto?
Um decreto presidencial, assinado por Luiz Inácio Lula da Silva em 26 de junho, ampliou o acesso ao BPC com mudanças importantes nas regras de renda e documentação. Veja os principais pontos:
Renda familiar per capita
- Antes: renda mensal por pessoa da família deveria ser inferior a ¼ do salário mínimo.
- Agora: basta que a renda seja igual ou inferior a um salário mínimo por pessoa, facilitando a inclusão de mais famílias em situação de vulnerabilidade.
Exclusão de algumas fontes de renda
Não entram mais no cálculo da renda familiar:
- Outros BPCs recebidos no mesmo grupo.
- Benefícios de até 1 salário mínimo pagos a idosos ou deficientes.
- Auxílios temporários, como os pagos em caso de desastres.
Por outro lado, transferências de renda como o Bolsa Família agora são consideradas no cálculo, o que pode limitar o acesso de famílias que acumulam benefícios sociais.
Exigência de documentação atualizada
Passam a ser obrigatórios:
- Cadastro no CadÚnico atualizado nos últimos 24 meses.
- CPF regularizado.
- Registro biométrico.
Quem estiver com a documentação irregular terá 30 dias para se regularizar após ser notificado. Caso contrário, o pedido pode ser cancelado ou suspenso.
Revisão periódica e direito à defesa
O novo decreto também determina que os benefícios serão revisados regularmente e que o beneficiário terá direito à ampla defesa em caso de suspensão ou revisão do pagamento, tornando o processo mais transparente.
O impacto fiscal e demográfico do benefício
Apesar de garantir dignidade a milhões de brasileiros, o BPC traz desafios para as contas públicas. Um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) aponta que, sem reformas na Previdência ou nos programas assistenciais, os gastos com BPCs e aposentadorias podem crescer R$ 600 bilhões até 2040.
Esse aumento representaria:
- 8,3% do PIB em 2040, contra os 6,5% atuais.
- Um valor equivalente a todo o orçamento atual do SUS.
- O dobro do investimento federal em infraestrutura.
Além disso, o envelhecimento da população brasileira tende a pressionar ainda mais o sistema. Projeções do IBGE indicam que:
- Em 2040, 18% da população brasileira terá mais de 65 anos.
- Em 2045, esse número pode ultrapassar 20%.
- Os gastos do SUS podem saltar de 4,2% para 7,5% do PIB devido ao aumento de doenças crônicas e internações de longa duração.
O BPC segue como uma política pública fundamental para garantir renda básica e dignidade a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.
As novas regras ampliam o acesso, trazem mais estrutura ao processo de concessão e revisão, mas também levantam preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do sistema a longo prazo.
Para quem deseja solicitar o benefício, é essencial manter CPF, CadÚnico e biometria em dia, além de observar os critérios de renda familiar. A consulta e solicitação podem ser feitas no portal ou aplicativo Meu INSS ou diretamente nos CRAS dos municípios.
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