Essa MP, de número 1303, ainda tramita no Congresso, e prevê que as alterações na tributação de títulos de investimentos comece a valer em 2026. Ainda pode haver negociação no campo político sobre essas propostas da equipe econômica, mas já dá para ter uma ideia de qual será o impacto sobre o título mais popular de renda fixa depois da poupança, que é o Tesouro Direto.
Segundo Adriana Ricci, fundadora e gestora da SHS Investimentos, a principal mudança é que a alteração acaba impactando quem investe no longo prazo.
Tanto o Tesouro Selic quanto outras letras do TD e demais produtos populares de renda fixa, como CDBs e alguns fundos de investimentos, respeitavam a tabela regressiva de tributação, que começava em 22,5% e ia diminuindo até 15%, a depender do tempo que o valor ficasse aplicado.
Caso a MP entre em vigor, ao invés da tabela regressiva, haverá um imposto fixo de 17,5% sobre os rendimentos das aplicações, independente se o dinheiro ficou aplicado uma semana ou uma década.
Tenho R$ 1 mil no Tesouro Direto, como fica?
Em resumo, quem podia segurar um pouco mais para pagar menos imposto, com a MP não tem mais esse benefício. Vale reforçar aqui que, caso aprovadas pelo Congresso, as novas regras entram em vigor em 2026 e que a cobrança se aplica sobre o rendimento e não sobre todo o dinheiro aplicado.
Na prática, se você investiu R$ 1.000 no Tesouro Direto por até seis meses, supondo que o rendimento fosse R$ 68, o investidor pagava uma alíquota de IR de 22,5% sobre esse lucro obtido, ou seja, R$ 15,30, restando R$ 52,70. Com a nova regra, essa tributação cai para 17,5%, ou seja, a pessoa vai pagar sobre os R$ 68, R$ 11,90 e vai ficar com R$ 56, de acordo com a simulação feita pela especialista em investimentos.
Neste exemplo, ainda de acordo com Ricci, para este período aplicado, o investidor sai em vantagem, mas o problema é quando o prazo vai se estendendo. "Quem deixava o dinheiro aplicado por dois anos, no valor de mil reais, por exemplo, se o rendimento fosse R$ 300, antes pagava R$ 45, enquanto agora, vai passar a pagar R$ 52,50", diz ela.
Para a especialista, que também atua como assessora de investimentos, a mudança exige atenção redobrada. Como as mudanças, se aprovadas, valem somente partir de janeiro do próximo ano, o investidor de longo prazo ainda tem um tempo para rever seus investimentos e fazer as alocações para ainda usufruir do sistema atual de tributação.