Como fica o Tesouro Direto caso a MP do aumento de impostos passe no Congresso?

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Cenário piora para quem deixava o dinheiro por mais tempo visando pagar menos imposto - Envato
Cenário piora para quem deixava o dinheiro por mais tempo visando pagar menos imposto

Por Fabiana Holtz

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Publicado em 26/06/2025, às 08h56
São Paulo, 26/06/2025 - O Congresso derrubou ontem o decreto do governo Lula sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre transações financeiras. Porém, há outra série de mudanças em investimentos da pessoa física que fazem parte da Medida Provisória (MP) com iniciativas de arrecadação para compensar alterações no IOF, incluindo tributação de títulos de investimento antes isentos, como LCA e debêntures de infraestrutura, e que unifica a alíquota sobre ativos de renda fixa, entre os quais o popular Tesouro Direto.
Essa MP, de número 1303, ainda tramita no Congresso, e prevê que as alterações na tributação de títulos de investimentos comece a valer em 2026. Ainda pode haver negociação no campo político sobre essas propostas da equipe econômica, mas já dá para ter uma ideia de qual será o impacto sobre o título mais popular de renda fixa depois da poupança, que é o Tesouro Direto.
Segundo Adriana Ricci, fundadora e gestora da SHS Investimentos, a principal mudança é que a alteração acaba impactando quem investe no longo prazo.
Tanto o Tesouro Selic quanto outras letras do TD e demais produtos populares de renda fixa, como CDBs e alguns fundos de investimentos, respeitavam a tabela regressiva de tributação, que começava em 22,5% e ia diminuindo até 15%, a depender do tempo que o valor ficasse aplicado.
Caso a MP entre em vigor, ao invés da tabela regressiva, haverá um imposto fixo de 17,5% sobre os rendimentos das aplicações, independente se o dinheiro ficou aplicado uma semana ou uma década.

Tenho R$ 1 mil no Tesouro Direto, como fica?

Em resumo, quem podia segurar um pouco mais para pagar menos imposto, com a MP não tem mais esse benefício. Vale reforçar aqui que, caso aprovadas pelo Congresso, as novas regras entram em vigor em 2026 e que a cobrança se aplica sobre o rendimento e não sobre todo o dinheiro aplicado.
Na prática, se você investiu R$ 1.000 no Tesouro Direto por até seis meses, supondo que o rendimento fosse R$ 68, o investidor pagava uma alíquota de IR de 22,5% sobre esse lucro obtido, ou seja, R$ 15,30, restando R$ 52,70. Com a nova regra, essa tributação cai para 17,5%, ou seja, a pessoa vai pagar sobre os R$ 68, R$ 11,90 e vai ficar com R$ 56, de acordo com a simulação feita pela especialista em investimentos.  
Neste exemplo, ainda de acordo com Ricci, para este período aplicado, o investidor sai em vantagem, mas o problema é quando o prazo vai se estendendo. "Quem deixava o dinheiro aplicado por dois anos, no valor de mil reais, por exemplo, se o rendimento fosse R$ 300, antes pagava R$ 45, enquanto agora, vai passar a pagar R$ 52,50", diz ela.
Para a especialista, que também atua como assessora de investimentos, a mudança exige atenção redobrada. Como as mudanças, se aprovadas, valem somente partir de janeiro do próximo ano,  o investidor de longo prazo ainda tem um tempo para rever seus investimentos e fazer as alocações para ainda usufruir do sistema atual de tributação. 

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