Entenda como funciona o Tesouro Direto e perca de vez a fobia financeira

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Essa pode ser uma opção tão segura quanto a Poupança e com rendimentos ainda melhores - Envato
Essa pode ser uma opção tão segura quanto a Poupança e com rendimentos ainda melhores

Por Fabiana Holtz

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Publicado em 11/06/2025, às 15h00 - Atualizado às 15h01

São Paulo, 11/06/2025 – Se você já é uma pessoa economicamente precavida mas teme ir além da popular e tradicional Poupança em seus investimentos, saiba que existem opções tão seguras quanto ela e com rendimentos ainda melhores.

Segundo professor João Victorino, educador financeiro e professor do MBA do Ibmec, é preciso popularizar investimentos com mais rendimento, segurança e praticidade, e um deles é através do Tesouro Direto.

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João Victorino, educador financeiro, lembra que muitas pessoas se sentem distantes do mundo dos investimentos - Foto: Arquivo pessoal.

Uma boa parte dos brasileiros, cerca de 31%, que se enquadra na classe C, com renda familiar entre R$ 3.400 e R$ 8.100 por mês, costuma equilibrar salário e boletos, e faz alguns aportes na poupança. Porém, esse perfil costuma se sentir distante do “mundo dos investimentos”.

Esse público, conservador quanto a investimentos, pode se surpreender ao buscar mais informações sobre o Tesouro Direto e descobrir que também pode aportar parte de suas economias lá. “Mas  isso também serve para qualquer pessoa que deseja entender sobre investimentos no Tesouro Direto e sair da poupança!”, afirma o professor.

Imposto de Renda

Para os iniciantes outro ponto importante é que o Tesouro Direto tem incidência de Imposto de Renda e, como qualquer investimento, carrega riscos, como a atualização diária do valor do ativos, conhecida como marcação a mercado, que pode afetar a rentabilidade se o resgate for feito antes do vencimento.

Atualmente, os títulos do Tesouro Direto têm cobrança de IR sobre os rendimentos conforme a tabela regressiva. Mas isso pode mudar. 

Como parte dos ajustes feitos na medida que elevou as alíquotas da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo está propondo unificar as alíquotas do Imposto de Renda para aplicações em renda fixa e variável em 17,5%. Polêmica, a medida provisória ainda será enviada para aprovação no Congresso e, caso aprovada, entra em vigor a partir de 2026.

Enquanto isso, vai valer a tabela regressiva. A lógica é que quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor será o imposto a pagar sobre os rendimentos. A saber:

  • 180 dias ou menos - alíquota de 22,5%
  • 181 a 360 dias - alíquota de 20%
  • 361 a 720 dias - alíquota de 17,5%
  • 721 dias ou mais - alíquota de 15%

Também é fundamental buscar um pouco mais de conhecimentos básicos sobre economia, como funcionam os juros e a inflação, porque esses fatores impactam diretamente os títulos, principalmente os pós-fixados.

"Um exemplo claro é o Tesouro Prefixado com vencimento em 2028. Nesse caso, você sabe exatamente quanto vai receber ao final, desde que mantenha o título até o vencimento", explica Cilene Ribeiro, economista e professora de Ciências Econômicas da Universidade São Judas.

Fácil acesso

O programa lançado em 2002 pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3, tem como base democratizar o acesso a títulos públicos federais para pessoas físicas em um canal 100% on-line.

Na prática, ele permite que qualquer pessoa empreste dinheiro ao governo e receba de volta com juros. Esse dinheiro é usado para obras, saúde, educação e outras áreas públicas. Em troca, você ganha  o rendimento.

É investimento de baixo risco, com garantia do Tesouro Nacional, acrescenta o professor Victorino.

Por que sair da poupança?

Com histórico de refúgio seguro, a poupança é prática, isenta de imposto e quase todo mundo já usou. Mas a verdade é que ela tem rendido muito pouco. “Mesmo com a taxa Selic em 14,75% ao ano, ela só paga cerca de 7,63% ao ano. Já o Tesouro Selic, considerado o título mais simples e seguro do Tesouro Direto, rende quase o dobro”, explica Victorino.

Outro aspecto importante a ser considerado é que na poupança, você só tem acesso ao rendimento se o dinheiro ficar aplicado por 30 dias corridos — é o chamado aniversário da poupança. Se você sacar um dia antes, perde todo o rendimento daquele mês.

Por sua vez, no Tesouro Selic você pode sacar o dinheiro em qualquer dia útil se solicitar até às 13h. Caso a solicitação aconteça após às 13h, o dinheiro será creditado na conta da sua instituição financeira no próximo dia útil (D+1 no jargão do mercado).

E mesmo nos fins de semana e feriados, o investidor pode resgatar seus títulos em qualquer horário. A transação, porém, só será processada no próximo dia útil e executada utilizando os preços de abertura do mercado do dia do processamento. Além disso o investimento vai render proporcionalmente ao tempo em que ficou investido. Sem essa pegadinha do "aniversário".

Passo a passo para investir no TD

A pedido do Viva, Victorino, que também é fundador do canal A hora do dinheiro,  traçou um passo a passo para guiar os menos familiarizados com esse produto financeiro.

Você pode começar de duas formas: pelo site oficial do Tesouro Direto com o Cadastro Rápido ou abrindo uma conta em uma corretora ou banco habilitado.

No próprio site do Tesouro Direto é possível consultar instituições autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que atuam como distribuidores dos títulos, que têm diferentes vencimentos e rentabilidades - podendo ser pré-fixada ou pós, atreladas ou à taxa Selic ou à inflação medida pelo IPCA.

Opção 1

Cadastro Rápido no site do Tesouro Direto.

Essa é a forma mais simples e rápida. Veja como funciona:

  1. Acesse o site oficial: www.tesourodireto.com.br
  2. Clique no botão “Cadastro Rápido”;
  3. Faça login com sua conta gov.br (aquele mesmo acesso usado para serviços públicos);
  4. Escolha uma das instituições parceiras;
  5. Pronto! Agora você pode investir direto pela plataforma e pagar via PIX.

Opção 2 – Conta em corretora

Se você já tem (ou pretende ter) conta em uma corretora, também pode investir por lá:

  1. Abra sua conta em uma corretora de sua escolha;
  2. Transfira o valor desejado via PIX;
  3. Acesse a aba “Tesouro Direto” dentro do app ou site da corretora;
  4. Escolha o título e confirme a compra.

É um caminho ótimo pra quem pretende diversificar investimentos no futuro, além do Tesouro Direto.

Simule antes de investir

No site do Tesouro Direto dá pra fazer uma simulação gratuita e ver qual título combina com o seu objetivo: curto, médio ou longo prazo, reserva de emergência, aposentadoria, educação dos filhos, entre outros (casamento, viagem, etc.).

Quais os tipos de títulos do Tesouro Direto

Tesouro Selic

Para quem está começando, essa é a melhor opção. Funciona como um “estágio” antes de conhecer os outros investimentos. É fácil de entender, rende mais que a poupança, e você pode resgatar a qualquer momento, sem grandes sustos.

Escolha ideal para reserva de emergência ou para quem está começando a juntar dinheiro. O título é pós-fixado e seu rendimento é semelhante ao da taxa Selic vigente no momento do resgate.

Depois disso, o próximo passo é diversificar. Quando você entender como funciona o Tesouro Selic, pode experimentar outras opções, como:

Tesouro Prefixado

Você sabe desde o início quanto vai receber no vencimento, já que a taxa é informada no ato - por isso, pré-fixada. Pode render mais que a Selic se os juros caírem. Ideal para quem vai esperar até o final do prazo e gosta de saber exatamente quanto vai ganhar.

Fique atento: se precisar vender antes, o valor pode variar conforme a situação de mercado.

Tesouro IPCA+

Esse título paga juros fixos mais a variação da inflação (IPCA). Serve para manter o poder de compra no futuro. É uma opção para planejamento da aposentadoria ou grandes projetos de longo prazo.

Objetivos

O Tesouro Direto lançou opções pensadas para determinados objetivos de vida:

  • Tesouro Renda+: ideal para aposentadoria. Você investe agora e recebe uma “mesada” no futuro durante 240 meses (20 anos).
  • Tesouro Educa+: perfeito para quem quer planejar os estudos de filhos ou netos.
  • Tesouro Garantia: seu investimento pode ser usado como garantia de aluguel, dispensando fiador ou seguro-fiança.

Outras opções

Além dos títulos do Tesouro Direto, que são considerados conservadores, existem outras opções de renda fixa. Um exemplo, explica a professora Cilene Ribeiro, são os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), emitidos por instituições privadas, como bancos, assim como letras de crédito, como LCIs e LCAs, lastreados em crédito imobiliário e do agronegócio, respectivamente. 

Outra possibilidade são os fundos de renda fixa, que pagam algo atrelado ao CDI, que por sua vez é uma taxa de referência sobre a variação da taxa Selic. Para quem quer começar com segurança, os produtos oferecidos pelos bancos que rendem 100% do CDI, ou até 101%, 102%, são boas alternativas, especialmente em cenários de juros altos.

Hoje, com a taxa Selic em 14,75% e expectativa até de aumentar nas próximas reuniões do Copom, a renda fixa está particularmente atrativa, aconselha Ribeiro.

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