Brasília, 27/08/2025 - As concessões de crédito consignado para trabalhadores do setor privado praticamente dobraram na passagem de junho para julho. Segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira, elas passaram de R$ 2,589 bilhões para R$ 5,112 bilhões no período, uma alta de 97,5%. Na comparação com o mesmo mês de 2024, crescem 96,7%.
Os números refletem o impulso do
novo modelo de consignado privado, o Crédito do Trabalhador, lançado pelo governo no fim de março. O saldo da modalidade cresceu 6,9% em julho, para um total de R$ 49,673 bilhões.
A taxa média de juros do consignado privado caiu de 56,3% ao ano em junho para 55,5% em julho. O governo espera que, com o Crédito do Trabalhador, o tomador migre para linhas com taxas mais baixas. O comportamento dos juros no consignado privado, porém, tem registrado alta neste primeiro momento, refletindo a adaptação de instituições financeiras à modalidade e o interesse pelo segmento.
Endividamento das famílias
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou passou de 48,9% em maio (dado revisado) para 48,7% em junho, informou o Banco Central. O recorde histórico foi atingido em julho de 2022, com 49,9%.
Descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento passou de 30,6% em maio (dado revisado) para 30,5% em junho.
O comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 27,7% (dado revisado) para 27,6%. Sem contar os empréstimos imobiliários, passou de 25,6% (dado revisado) para 25,4%.
Rotativo do cartão de crédito
O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 6,1 pontos porcentuais entre junho e julho, de 440,5% (dado revisado) para 446,6% ao ano. A taxa do parcelado passou de 182,5% para 181,7% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 88,8% (dado revisado) para 88,1%.
O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida. O teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer em janeiro de 2024.
As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa nem sempre é efetivada, já que os consumidores normalmente ficam "pendurados" no cartão por apenas dias ou semanas.
O BC não pretende descontinuar essa série histórica, que serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.
Inadimplência
A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre aumentou de 5,0% em junho para 5,2% em julho, informou o Banco Central. A taxa para pessoas físicas passou de 6,3% para 6,5% no período. A de empresas oscilou de 3,1% para 3,3%.
A inadimplência do crédito direcionado, com recursos da poupança e do BNDES, passou de 1,6% em junho para 1,8% em julho.
Considerando o crédito total, que inclui o livre e o direcionado, a taxa passou de 3,6% para 3,8%.
Crédito ampliado
O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro cresceu 0,9% em julho, na comparação com junho, para R$ 19,527 trilhões. O montante equivale a 158,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O crédito ampliado inclui empréstimos no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e operações com títulos públicos e privados, entre outros. É uma métrica que permite uma visão ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando.
O saldo do crédito ampliado para empresas cresceu 1,2% em julho, para 54,6% do PIB.
As concessões de crédito livre dos bancos aumentaram 0,5% em julho, na comparação com junho, para R$ 571,4 bilhões. No acumulado de 12 meses, crescem 12,8%. Os dados não incorporam ajustes sazonais.
Concessões para pessoas físicas cresceram 4,4% no mês, para R$ 317,6 bilhões. No acumulado de 12 meses, avançam 11,1%. As concessões para empresas recuaram 4,0% no mês, para R$ 253,8 bilhões. Em 12 meses, têm alta de 14,7%.
Já o estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 0,9% em julho, na comparação com junho. O saldo atingiu R$ 1,244 trilhão, uma alta de 12,0% em 12 meses.
O estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física cresceu 1,4% em junho, para R$ 372,104 bilhões. No acumulado de 12 meses, sobe 15,9%.
O saldo das operações de crédito do sistema financeiro aumentou 0,4% entre junho e julho, informou o Banco Central. O estoque atingiu R$ 6,716 trilhões, uma alta de 10,7% no acumulado de 12 meses.
O saldo para pessoas físicas avançou 0,6% em julho e 11,5% em 12 meses. Para empresas, cedeu 0,1% no mês, mas ainda com alta de 9,5% em 12 meses.
O estoque de crédito livre aumentou 0,7% em julho. O do crédito direcionado, com recursos do BNDES e poupança, subiu 0,2% na mesma comparação. Entre os recursos livres, os saldos para pessoas físicas avançaram 0,1%. Para pessoas físicas, recuaram 0,1%.
O total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 54,6% em junho para 54,5% em julho.
A taxa média de juros no crédito livre passou de 45,5% (dado revisado) em junho para 45,4% em julho. Em julho de 2024, a taxa era de 39,8%.
O juro médio do crédito livre para pessoas físicas passou de 58,4% (dado revisado) para 57,7%. A taxa cobrada das empresas aumentou de 24,3% em junho para 25,0% em julho.
A taxa do cheque especial recuou de 135,7% (dado revisado) para 133,8%. A do crédito pessoal total saiu de 50,0% (dado revisado) para 49,1%.
O juro médio no crédito para aquisição de veículos passou de 27,6% para 27,3%.
A taxa média no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), oscilou de 31,6% (dado revisado) para 31,4%.