Manuela França/Viva
São Paulo, 29/10/2025 - Ainda falta um olhar atencioso por parte das empresas e prestadoras de serviços para o público 50+. Mesmo com uma grande demanda, a oferta ainda é deficitária. Esse foi um dos temas do painel "Economia prateada: Oportunidades e desafios em um Brasil que envelhece", realizado no Fórum São Paulo Longevidade.
De acordo com o diretor de Previdência do grupo MAG Gleisson Rubin, esse público já está movimentando setores estratégicos, "mas infelizmente, nem todas as cadeias perceberam essa capacidade". O profissional destaca academias e turismo como setores que já entenderam o potencial deste mercado. Por outro lado, moda e serviços financeiros ainda não prestaram atenção.
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Há alguns anos as academias eram espaços voltados para jovens, que, muitas vezes, hostilizavam pessoas 50+. Incomodadas, essas pessoas procuravam horários mais vazios para frequentar os espaços. Após estudos e pesquisas passarem a mostrar a importância da atividade física para a saúde dos mais velhos, esse público começou a invadir o espaço.
Os 50+ já são uma parcela importante para academias e, principalmente, para os personal trainers que usam os canais de Youtube”, disse.
Rubin diz que fazer musculação "não é eletivo, é algo necessário para o bem-estar e melhor condição de saúde". Assim, o público mais velho passou a significar fluxo constante para o segmento.
No caso do turismo, os mais velhos evitam o ostracismo do setor, já que têm liberdade para viajar em qualquer época do ano. “Vejo a indústria turística indo atrás desse público para entender suas necessidades”.
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Em moda e beleza a situação é diferente. Rubin destaca a falta de representatividade no setor e observa que nem todos reagem de forma positiva a realidade do envelhecimento. "Estou aguardando a indústria da moda olhar para este público com mais respeito”, disse.
“Continuam acreditando que beleza é ser novo, não pensam que ser maduro também é bonito.
O executivo conta que esteve em Milão, onde as mulheres maduras já estão bem retratadas, o que ainda não ocorre no Brasil. "O mercado precisa se abrir para os 50+”, afirma.
O setor de serviços financeiros, por sua vez, está em dívida com o público maduro, principalmente as gerações X e Boomers, que foram responsáveis pelo crescimento desses serviços.
"Não se pode virar as costas para este público, responsável por dois terços da riqueza mundial. Essa geração sabe mexer nas plataformas digitais, mas também quer atendimento humanizado”, avaliou.
Com relação a contratação de 50+ pelas empresas, o CEO da Labora e criador do Lab60+, Sergio Serapião, avaliou que é necessário uma mudança cultural. "Não adianta aumentar o número de pessoas mais velhas nas empresas, isso não é uma inclusão natural. Só acontece porque a lei exige.”
Serapião entende que, depois de certa idade, as pessoas vão adquirindo vários hobbies e habilidades, e não se deve vincular o indíviduo a um “crachá único”. Na sua avaliação, parar e mudar de carreira, por exemplo, pode ser um bônus. Ele questiona como as empresas estão se preparando para essa nova demografia? "O ambiente de trabalho ainda é jovem e o idoso precisa fingir que é jovem, gostar da mesa de ping pong no térreo, por exemplo”, afirmou.
“A vida constrói flexibilidade, diferente do mito de que seniores são pessoas que não gostam de mudar. O velho tem flexibilidade, porque a vida ensina isso.”
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