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Falta de legislação sobre moradia para idosos pode atrair serviços desqualificados

Foto: Manuela França

Muitas coisas estão começando a ser feitas, mas o grau de imaturidade é preocupante. afirma o CEO da ABF Developments - Foto: Manuela França
Muitas coisas estão começando a ser feitas, mas o grau de imaturidade é preocupante. afirma o CEO da ABF Developments

São Paulo, 28/10/2025 - Com o avanço da expectativa de vida e a queda no número de filhos por famílias, cria-se uma questão sobre quem irá cuidar dos idosos. Por outro lado, essa mudança demográfica acaba sendo uma boa oportunidade de negócios para empreendimentos voltados para o público 60+. No entanto, a falta de legislação pode atrair “aventureiros” para o setor. Essa foi uma das questões levantadas durante o painel sobre moradias para idosos na 7ª edição do Fórum São Paulo Longevidade.

O CEO da ABF Developments, Eduardo Guimarães da Fonseca, destacou que embora o segmento tenha grande potencial, também tem grandes desafios. “Ainda não existe uma legislação para esse tipo de negócio. Em Porto Alegre, por exemplo, nós estamos construindo conforme estudos e orientações que recebemos de bombeiros, órgãos públicos, etc.”,revelou, chamando a atenção para o risco de prestadores de serviços não qualificados no setor.

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“Muitas coisas estão começando a ser feitas, mas o grau de imaturidade é preocupante. Gestão amadora, baixa qualidade de serviços, mercado improvisado...Muitas coisas vão ficar no meio do caminho, não vão parar de pé”, avalia.

Já diretor da Caio Calfat Real Estate Consulting, Caio Calfat, destacou a 1ª edição do estudo sobre residência sênior do País, feito em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, que contou com análises nacionais e internacionais, a realização do censo brasileiro deste mercado, além de pesquisas inéditas com o público. Também levou em consideração questões como a expectativa de vida, a redução no número de filhos por famílias, entre outras informações.

Caio Calfat Real Estate Consulting, Caio Calfat,
“Há uma grande oferta de empreendimento, mas ainda há espaço, principalmente para produtos diferenciados", afirma Caio Calfat - Foto: Manuela França

O estudo serviu como base para o lançamento de empreendimentos, em Porto Alegre, voltado para pessoas com mais de 60 anos e da classe A+. Esse modelo de negócios tem como objetivo atender desde o momento onde a pessoa tem plena autonomia até o momento em que há necessidade de acompanhamento.

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O consultor destaca que ainda há muito espaço para empreendimentos para este perfil de pessoas. “Há uma grande oferta de empreendimento, mas ainda há espaço, principalmente para produtos diferenciados que não tenha como foco apenas serviços de cuidados de saúde”, observa Calfat.

O Fonseca destacou alguns desafios do setor de Senior Living, são eles:

1- Estrutura, Tipologias e Viabilidade Econômica

O primeiro grande desafio está em desenvolver unidades e áreas comum com estrutura adequada as necessidades dos residentes, conciliando conforto, acessibilidade e integração social. Além disso, é fundamental encontrar o equilíbrio entre o tíquete médio e a viabilidade financeira, tanto no aspecto imobiliário quanto na operação, garantindo sustentabilidade para investidores e operadores.

2- Localização dos Empreendimentos

A escolha dos terrenos é um ponto crítico. O sucesso do empreendimento depende de localização altamente estratégicas, que conciliem conveniência, acesso a serviços urbanos e qualidade de vida, ao mesmo tempo em que mantém viabilidade de aquisição e desenvolvimento.

3- Ausência de Operadoras Estruturadas

Diferentemente do setor hoteleiro, o mercado de senior living ainda carece de operadoras maduras e consolidadas. As poucas existentes estão sendo desenvolvidas em conjunto com os próprios produtos, o que torna o processo mais desafiador. Essa imaturidade operacional reflete se em curvas de aprendizado contínuas e necessidades de aperfeiçoamento constante na experiência do residente e nos processos de gestao.

4- Cultura e Estigmatizaçao

Trata-se de uma indústria nova para o público brasileiro. Apesar de oferecer um serviço premium, ainda existe resistência e estigmatização associada ao concerto de moradias para a terceira idade. Muitos potenciais clientes ainda não percebem o valor agregado em relação as clínicas geriátricas tradicionais, mesmo diante de uma entrega muito superior en qualidade de vida, cuidado e experiência.

5- Ausência de Regulação Específica

O setor ainda não possui regulamentação própria o que cria uma série de entraves junto a prefeituras, cartórios, bancos e orgãos reguladores (como Anvisa e Corpo de Bombeiros). Cada projeto demanda um grande esforço de consultoria multidisciplinar para sua estruturação. Até mesmo em instâncias como a CVM, onde o modelo começou a ser explorado, o tema ainda é inovador e carece de precedentes claros.

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