São Paulo, 19/11/2025 - A maior parte dos brasileiros economicamente ativos não está preparada para a aposentadoria, segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), em parceria com o Instituto Axxus. De acordo com o levantamento, 62% dos entrevistados declararam não guardar nenhum recurso para a aposentadoria.
Outro dado revelado pela
pesquisa é que, entre os 38% que dizem economizar, 31% mencionam o INSS, 42% a previdência privada e 38% outras formas de reserva, como poupança, imóveis ou investimentos. Na avaliação da Abefin, os números são um reflexo da incapacidade do brasileiro em
planejar o futuro, combinada a uma falta de orientação financeira.
E a incerteza prevalece mesmo entre os que poupam, dado que apenas 19% dos que investem em previdência privada afirmaram acreditar que terão condições de manter uma vida financeira saudável sem depender de terceiros, enquanto 38% reconhecem que terão de continuar trabalhando para sustentar seu padrão de vida. Somente 7% dos que contribuem com o INSS acreditam que o benefício será suficiente para viverem com dignidade.
Ao serem questionados por que não contribuem para o INSS, a resposta de 87% foi falta de dinheiro. Em resumo: o problema não se relaciona com a descrença no sistema previdenciário, mas sim com a ausência de margem financeira para planejar.
Insegurança financeira e o mercado de trabalho
Outro sinal de alerta trazido pelo estudo é que 41% dos entrevistados afirmaram que, se perdessem a renda hoje, conseguiriam manter o padrão de vida por menos de três meses. Outros 39% resistiriam de três a seis meses.
A associação chama a atenção também para uma realidade do mercado de trabalho que explica parte desses números. Metade dos 78,3 milhões de trabalhadores brasileiros (seja CLT ou CNPJ) se encontra na informalidade - ou seja, em condições precárias, sem vínculo empregatício fixo.
Para o presidente da Abefin, Reinaldo Domingos, se nada mudar, o Brasil continuará produzindo gerações que chegam à velhice sem segurança, dependentes de familiares ou obrigadas a trabalhar até o fim da vida. Segundo a Associação, mais do que uma questão econômica, estamos diante de um problema cultural e educacional. É preciso mudar a mentalidade de que a aposentadoria é um problema distante. O futuro começa agora — e cada real poupado hoje pode ser a diferença entre uma velhice digna e uma vida de privações amanhã.
A ausência de um colchão financeiro de segurança não impacta apenas a aposentadoria futura, mas também a capacidade de lidar com crises inesperadas, como desemprego, doenças ou emergências familiares.
Aposentados e a família
Entre os que já são aposentados, 29% dos entrevistados disseram depender financeiramente dos filhos ou de terceiros. Outros 41% continuam trabalhando, mesmo após o fim da vida laboral formal.
Essa é uma realidade que acaba por perpetuar um ciclo de dependência intergeracional, observa a Abefin.
"Os mais velhos, sem reservas suficientes, precisam do apoio dos filhos, que por sua vez já enfrentam dificuldades para organizar a própria vida financeira. Assim, a roda da vulnerabilidade continua girando”.
A pesquisa "Aposentadoria, INSS e Previdência Privada a realidade em 2025", ouviu 600 trabalhadores em todo o país, com margem de erro de 4% e índice de confiança de 95%.