Foto: Divulgação/INSS
São Paulo, 27/08/2025 - A ausência de educação financeira mostra ter um forte impacto no planejamento da aposentadoria de boa parte da população, segundo levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha. Em pesquisa que busca traçar o perfil do investidor brasileiro, a entidade apurou que apenas 18% das pessoas ouvidas já começaram a formar uma reserva financeira voltada para a aposentadoria.
Do universo consultado mais da metade, 55%, disseram ter intenção de começar a poupar para esse fim, mas ainda não deram o primeiro passo. Vale lembrar que o nível de endividamento das pessoas é alto. Segundo estudo recente da Serasa Experian, 70,5% da renda da população está comprometida com contas a pagar. São despesas que vão desde dívidas com bancos a faturas de cartão de crédito, energia elétrica e internet, entre outros gastos contratados. Com isso, sobram, na média, R$ 968,00 para novas despesas no mês
E quanto menor a renda, maior é, em geral, o comprometimento. Consumidores que ganham até um salário mínimo têm 90,1% da renda consumida por obrigações financeiras assumidas.
Entre os não aposentados, 49% acreditam que sua principal fonte de renda no futuro não virá do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Ao mesmo tempo, na média, 88% das pessoas já aposentadas dependem dessa aposentadoria do governo para seu sustento.
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Entre os quatro perfis de investidores descritos pela pesquisa da Anbima, no perfil de investidor caderneta (o poupador mais conservador) 61% esperam ter o INSS como principal fonte de sustento na aposentadoria. Entre os sem reservas essa proporção chega a 56%. Na categoria dos que economizam e não investem 45% consideram o INSS como principal fonte de renda no futuro. Entre os que preferem diversificar seus investimentos apenas 31% têm essa perspectiva.
E os dados mostram que a situação pode piorar. O número de pessoas que não pretendem guardar dinheiro para a aposentadoria cresceu de 23% para 27% em 2024. Entre a fatia de brasileiros que não investem, parcela que corresponde a 63% da população, esse índice chega a 33%.
No recorte por classe social, entre os membros da classe A/B 33% das pessoas não aposentadas já começaram a poupar para a aposentadoria. Na classe D/E esse número cai para 10%.
Dentro do grupo de menor renda 34% também afirmam não ter intenção de se preparar financeiramente para a velhice.
Para o levantamento foram entrevistadas 5.846 pessoas com 16 anos ou mais, das classes A/B, C e D/E, nas cinco regiões do país, entre os dias 4 e 22 de novembro de 2024. Desse total, 4.956 ainda não se aposentaram (excluindo aposentados que são economicamente ativos).
Segundo Marcelo Billi, superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, essa falta de interesse em planejar a aposentadoria e o aumento do número de pessoas que sequer pensam em poupar para essa fase da vida são dois pontos que preocupam e pedem atenção urgente. “Tornar o debate sobre previdência mais acessível, com informações claras e programas de conscientização sobre dinheiro desde cedo, é essencial para promover uma cultura de planejamento financeiro no país”, alerta.
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Apesar da ausência de planejamento financeiro, grande parte dos brasileiros dizem ter uma idade em mente para se aposentar. Do universo pesquisado 30% desejam se aposentar até os 59 anos e 45% querem seguir na ativa até a faixa entre os 60 e 69 anos.
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