Foto: Emanuele Almeida
Publicado em 29/10/2025, às 14h13
São Paulo, 29/10/2025 – Apesar dos avanços na qualidade do envelhecimento da população global, pessoas com mais de 50 anos pertencentes ao grupo LGBTQIA+ ainda não têm garantidos os mesmos direitos e acessos.
O coordenador do Ambulatório de Sexualidade e Envelhecimento da Geriatria da Universidade de São Paulo (USP), Alexandre Ramos, aponta que, entre aqueles que fazem parte da comunidade e conseguem envelhecer, muitos ainda não alcançam uma qualidade de vida satisfatória. O médico abordou o tema durante o Fórum Longevidade, realizado nesta quarta-feira, 29.
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“O envelhecimento LGBT está longe de ser bem-sucedido em nível global”, ressalta Ramos. Ele alerta que uma das causas para isso é a falta de capacitação de profissionais de saúde para atender pessoas da comunidade, especialmente as mais velhas.
“Quando chega uma pessoa gay ou trans em um postinho de saúde, ela já é encaminhada para um grupo de atendimento a infecções sexualmente transmissíveis”, observa.
O médico destaca ainda que a formação dos profissionais da área da saúde carece de capacitação técnica, tanto durante a faculdade quanto nos estágios e residências, para atuar com pacientes LGBTQIA+. “Até a sala de espera se torna um local horrível”, acrescenta.
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Como uma medida para amenizar e criar ações efetivas para garantir qualidade de vida e envelhecimento para pessoas LGBTQIA+, Alexandre Ramos indica que seja feitos informes públicos direcionados especificamente para este grupo e até mesmo buscando-os individualmente para que saibam de seus direitos.
Somente na cidade de São Paulo há mais de 2 milhões de idosos, o que representa quase 18% da população total do município, segundo dados do DataSUS e do Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), apresentados no evento. Contudo, quando se trata das pessoas LGBTQIA+ dentro dessa faixa etária, não há identificação que permita quantificar o grupo.
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Durante o Fórum, a falta de dados foi comentada pela interlocutora de Saúde Integral da População LGBTQIA+, Tânia Regina Correa, que também atua como assessora técnica da Secretaria Executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde (Seabevs). Ela ressaltou que, apesar dos esforços para ampliar o atendimento público de saúde a essa comunidade, ainda é muito difícil compreender quem são e quantos são.
“Nossos dados do Sistema Integrado de Gestão Administrativa (SIGA) estão diretamente vinculados ao Cadastro de Usuários do Sistema Único de Saúde (CadSUS), que ainda não possui uma identificação específica desse grupo”.
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