Mães ainda são cobradas e julgadas por conciliarem carreira e filhos

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Manuela Bordasch disse que por ter escolhido atuar com moda, um ambiente majoritariamente feminino, não enfrentou preconceitos, mas ressaltou que o maior desafio foi a solidão - Divulgação/PushFinanças
Manuela Bordasch disse que por ter escolhido atuar com moda, um ambiente majoritariamente feminino, não enfrentou preconceitos, mas ressaltou que o maior desafio foi a solidão

Por Alessandra Taraborelli e Fabiana Holtz

redacao@viva.com.br
Publicado em 23/09/2025, às 13h55 - Atualizado às 15h37

São Paulo, 23/09/2025 - Quando você não é mãe, você não tem a noção do custo que envolve ter uma criança. Com esta frase, Gabi Brandt, influenciadora digital e mãe de três filhos, respondeu ao questionamento sobre como a chegada dos filhos impactou suas finanças, no painel “Mothermath: o custo de ser mãe e continuar no mercado de trabalho”, durante o Push Finanças, evento realizado pela Push.edu e pela B3 em São Paulo.

Ela ressaltou que por trabalhar por conta própria, não pôde parar após o nascimento de cada um dos filhos. “Quinze dias após o nascimento de cada um dos meus filhos eu já estava fazendo publi”, disse.

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A mesma situação foi vivida pela modelo, ativista e empreendedora, Rita Carreira. Ela lembra que após 15 dias do nascimento do seu único filho foi convidada para ser capa da revista Vogue. “Ainda não tenho o privilégio de poder parar por um tempo. Não posso parar porque a moda atropela. Sou mãe, amo meu filho, e também amo trabalhar”, explicou.

As duas mulheres confessam que não sentiram culpa por ter que voltar a trabalhar, mas afirmam que receberam críticas pela decisão.

Ao final do evento, o Viva conversou com Manuela Bordasch, CEO e fundadora do Steal The Look, plataforma de moda e lifestyl e da Push, plataforma para pessoas que buscam desenvolver carreiras. Ela disse que por ter escolhido atuar com moda, um ambiente majoritariamente feminino, não enfrentou preconceitos, mas ressaltou que o maior desafio foi a solidão. “A dificuldade foi no sentido de que na minha época, em 2012, o empreendedorismo feminino era muito menos falado. O maior desafio de ser mulher no início era a solidão”, afirma.

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Ela ressaltou que de lá para cá muita coisa mudou e melhorou muito. “Hoje as mulheres se ajudam, fecham parcerias. Eu troco com muitas amigas empreendedoras. Sempre teremos espaço para melhorar”, afirma. Bordasch acrescentou que as redes sociais foram fundamentais para despertar o empreendedorismo nas mulheres.

“Quando você chega a uma posição de liderança, vejo que tem uma certa obrigação de retribuir e sinto isso no meio que atuo. Temos a responsabilidade de fazer essa máquina continuar girando. Encontrei mulheres muito generosas, que contribuíram e tôm contribuído para isso até hoje”, afirmou.

Remuneração

A profissão de modelo talvez seja uma das pouquíssimas do mundo em que as mulheres têm uma remuneração maior que os homens. Ela afirmou nunca ter sentido preconceito na profissão. "Nunca me coloquei de maneira inferior. Talvez eu tenha passado por situações que eu não tenha me dado conta”, pondera.

Mudar de rumo

Não existe momento certo para ser mãe, mas este instante pode levar a mulher a rever quais são as prioridades da sua vida, na avaliação de Bordasch. Ela ressalta que se não conseguir se preparar minimamente financeiramente para as pausas que são necessárias, o mercado de trabalho, de fato, é muito mais cruel para as mulheres.

Legislação

Para a executiva, aumentar a licença paternidade seria fundamental para começar a reduzir o preconceito com o prazo da licença para as mães. Ela pondera que ter o pai ao lado ajuda demais e, que cinco dias é um prazo pequeno. Bordasch revela que na sua empresa foi adotado o programa Empresa Cidadã, com licença de um mês para os homens. “Mas ainda acho que esse período deveria ser maior”.

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