Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Pesquisa: mais jovens sonham em viver em casas, mas 60+ preferem apartamentos

Envato

46,8% dos nascidos entre 1945 e 1964 preferem morar em apartamento; nesse grupo, apenas 38% preferem casa - Envato
46,8% dos nascidos entre 1945 e 1964 preferem morar em apartamento; nesse grupo, apenas 38% preferem casa
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 20/10/2025, às 13h27 - Atualizado às 14h13

São Paulo, 20/10/2025 - Há quem prefira morar em casa e há quem goste mais de apartamento, mas essa tendência tem muito mais a ver com a idade e as condições sociais do que apenas com gosto pessoal. É o que aponta um estudo do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que este ano analisou as preferências habitacionais entre diferentes gerações.
Segundo a análise, entre os mais jovens, nascidos a partir de 1997, o sonho de viver em uma casa ainda habita no imaginário de 75% das pessoas. A tendência diminui com as gerações anteriores: na chamada Geração Y, nascidos entre 1981 e 1996, o desejo cai para 58,1%. 
Leia também: Moradia para idosos vai além de adaptações e rampas de acesso, aponta estudo
entre os mais maduros, especialmente os nascidos entre 1945 e 1964, a taxa cai para 38% e acontece uma inversão de expectativas. Nessa faixa, acontece uma inversão de expectativas, com 46,8% deles desejando morar em apartamentos. 
"Atribuímos esse padrão ao chamado ‘efeito de experiência’: quanto mais vivências habitacionais ao longo da vida, maior o reconhecimento das vantagens práticas dos apartamentos, como acessibilidade, segurança e baixa manutenção. E cabe lembrar que esse pensamento reflete as percepções dos entrevistados nas áreas urbanizadas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil", destacou em nota o urbanista Rafael Kalinoski, doutor e pesquisador da PUCPR, um dos responsáveis pelo estudo.

Do tradicional ao flexível

De um modo mais amplo, a pesquisa mapeou três perfis distintos de aspirações habitacionais, associados a diferentes gerações. Foram ouvidos indivíduos da classe média urbana de diferentes faixas etárias.
O primeiro é o perfil tradicional, mais comum entre os nascidos entre 1945 e 1964, que associa a posse do imóvel à segurança e ao status social. Esse grupo é chamado de Boomers, no jargão internacional das gerações.
Leia também: Moradias preparadas para idosos começam a surgir no Brasil
O segundo é o perfil pragmático, predominante entre a Geração X, com nascidos entre 1965 e 1984. Para a maioria desse grupo, o imóvel representa proteção do patrimônio familiar e garantia de valorização ao longo do tempo. 
Já o terceiro é o perfil flexível, mais presente entre jovens nascidos a partir de 1985, que tendem a priorizar liberdade e experiências de vida, como viagens ou mobilidade, em vez de assumir compromissos de longo prazo com financiamentos imobiliários, e que não veem a propriedade de imóveis como o único caminho para a segurança.
"Embora o aluguel tenha ganhado espaço nos centros urbanos, 90% dos entrevistados afirmaram desejar a casa própria na terceira idade. Para a maioria, o aluguel é uma solução temporária diante das dificuldades econômicas, e não uma escolha definitiva de estilo de vida", afirma Kalinoski.
Leia também: 50+ adere à tecnologia na busca por imóvel, mas corretor ainda é fundamental
Ele diz ainda que os padrões observados desafiam "narrativas simplistas" de uma suposta ‘geração aluguel’. "Há uma série de fatores individuais, sociais, temporais e espaciais, que, somados às condições econômicas, mudanças políticas e circunstâncias pessoais, ajudam a explicar o desejo pela casa própria”, observa.
"Não estarem presos a uma propriedade permite que explorem oportunidades educacionais, profissionais e pessoais sem as restrições que a aquisição de uma casa própria e suas dívidas associadas podem impor. Mas os jovens podem abraçar esse ideal não porque realmente o prefiram, mas porque veem a aquisição de uma casa própria como inatingível", conclui Kalinoski.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias