Lula diz que está disposto a negociar com EUA sem abrir mão de defesa

Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula descartou a possibilidade de abrir mão de "instrumentos de defesa" previstos em lei - Ricardo Stuckert/PR
O presidente Lula descartou a possibilidade de abrir mão de "instrumentos de defesa" previstos em lei

Por Lavínia Kaucz e Cícero Cotrim, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 31/07/2025, às 08h00

Brasília, 30/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em nota, que está disposto a negociar apenas aspectos comerciais da relação entre Brasil e Estados Unidos. Ele descartou a possibilidade de abrir mão de "instrumentos de defesa" previstos na legislação do País.

"Nossa economia está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais", diz a nota divulgada pela Presidência da República ontem à noite. "Já iniciamos a avaliação dos impactos das medidas e a elaboração das ações para apoiar e proteger os trabalhadores, as empresas e as famílias brasileiras."

Nesta quarta-feira, o presidente americano, Donald Trump, assinou uma ordem executiva determinando a cobrança de uma tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros, além da taxa linear de 10% que já estava em vigor. 

O documento acusa o governo brasileiro de promover "perseguição politicamente motivada, intimidação, assédio, censura e processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores. O principal alvo é o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Foi a primeira vez que uma autoridade de país democrático foi punida pela Lei Magnistsky. Até o momento, a norma só havia sido aplicada para violadores graves dos direitos humanos, como autoridades de regimes ditatoriais, integrantes de grupos terroristas e criminosos ligados a esquemas de lavagem de dinheiro e de assassinatos em série.

Em nota, o Planalto classifica como "inaceitável" a interferência do governo americano na Justiça brasileira, e diz que o País é democrático e respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes. "O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras".
A nota, assinada pelo presidente Lula, diz que "a motivação política das medidas contra o Brasil atenta contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois países." O governo manifestou solidariedade a Moraes e classificou o sancionamento como "motivado pela ação de políticos brasileiros que traem a nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses." É um ataque indireto contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA para articular sanções contra o Brasil.

"Um dos fundamentos da democracia e do respeito aos direitos humanos no Brasil é a independência do Poder Judiciário e qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia", diz a nota. "No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais."

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