O presidente brasileiro conversou com jornalistas após participar da reunião de Cúpula do G20, em Johannesburgo, na África do Sul. Questionado sobre a prisão preventiva de Bolsonaro após a violação da tornozeleira eletrônica, Lula respondeu que não faz comentários sobre uma decisão da Suprema Corte, mas acabou emitindo breve opinião.
A Justiça tomou uma decisão, ele foi julgado, ele teve todo o direito à presunção de inocência. Foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento, ou seja, então a Justiça decidiu, está decidindo, ele vai cumprir com a pena que a justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez. Então, eu não tenho mais comentário a fazer".
Quando um jornalista insistiu sobre a reação do presidente norte-americano Donald Trump à prisão de Bolsonaro dizendo que foi "uma pena", Lula reforçou sua posição sobre a soberania do Brasil e a independência do poder judiciário. "Acho que não tem nada a ver, acho que o Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa justiça decide, e o que decide aqui, está decidido", encerrou.
Acordo Mercosul-União Europeia
O presidente afirmou que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia será assinado em 20 de dezembro. Lula contou que seguirá para Moçambique após participar da reunião de Cúpula do 20, retornando ao Brasil em seguida.
O presidente disse que não pretende mais viajar neste ano, com exceção do deslocamento necessário para assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, o que poderia ocorrer em Foz do Iguaçu ou em Brasília mesmo.
"Voltarei ao Brasil e não pretendo viajar mais até o fim do ano", disse Lula, acrescentando que a exceção seria para a assinatura do acordo entre os dois blocos econômicos. "Posso viajar para Foz do Iguaçu, ou em Brasília mesmo, para acordo do Mercosul-União Europeia."
O presidente lembrou que 2026 será ano eleitoral, mas que, até maio, o País ainda terá uma agenda internacional intensa.
O brasileiro lembrou que tem visita à Índia no ano que vem, dois países "muitos grandes" para o fluxo comercial que possuem. "Mesmo em ano eleitoral, vou receber Canadá, África do Sul e, talvez, a Coreia", disse ele. O presidente declarou que esperar pelo momento em que vai anunciar ter criado 500 novos mercados para o Brasil. "O Brasil não depende de um só país; quando mais país pudermos visitar, melhor".
Ausência de Trump no G20
Lula disse que, independentemente da ausência do presidente dos Estados Unidos na Cúpula do G20, o país segue sendo a maior economia do mundo, o "país mais importante". Porém, a votação unânime dos demais 19 países presentes endossa a relevância da declaração final divulgada pelo bloco.
Questionado por jornalistas se a divulgação de uma declaração final do G20 sem a anuência dos Estados Unidos seria uma demonstração de que a influência norte-americana no mundo estaria diminuindo, Lula lembrou que o país faltou à reunião, que a ausência de líderes ocasionalmente ocorria, mas que isso não impedia uma declaração conjunta. Para o presidente Lula, é importante que o G20 comece a tomar decisões práticas para que os líderes não fiquem desestimulados a participar.
"Você não pode fazer julgamento da importância ou não da participação de um país porque ele faltou uma reunião. Todos os presidentes já faltaram em alguma reunião. E a reunião acontece mesmo sem ter um presidente", declarou Lula em entrevista coletiva de imprensa após a cúpula.
O presidente brasileiro lembrou que, como estava ausente, os Estados Unidos não participaram da elaboração e da votação do documento, portanto, os demais líderes não têm como saber se o país concorda ou não com o que foi divulgado. "Mas os 19 países que estavam votaram por unanimidade a aprovação do documento", frisou. "Os Estados Unidos continuam sendo a maior economia do mundo, o país mais importante. Mas é só importante saber que nós existimos mesmo quando eles não participam de uma reunião. É só isso."
Quanto à ausência de Xi Jinping, presidente da China, Lula ressaltou que seu país mandou delegação ao G20. No caso de Trump, o norte-americano terá que presidir o próximo ciclo do fórum. Sobre a presidência brasileira, que antecedeu a sul-africana, o presidente disse que os três eventos recentes sediados pelo Brasil - G20, BRICS e COP30 - mostram que o país está preparado.
"A COP foi um sucesso, quem foi deve ter voltado maravilhado, quem não o fez se arrependeu", disse ele, acrescentando que os eventos mostram a sobrevivência do multilateralismo, embora tenha frisado que a OMC ainda precisa ser fortalecida. "Aprovou-se um documento único na COP, e venceu o multilateralismo."