São Paulo, 24/10/2025 - O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou há pouco que tem "todo interesse" na reunião com o presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, marcada para domingo (26) na Malásia, durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
"Eu tenho todo interesse em ter essa reunião, defender os interesses do Brasil e mostrar que houve equívoco nas taxações ao País. Quero provar com números que essas medidas foram injustificadas", disse Lula, em entrevista coletiva em Jacarta.
O presidente disse que pretende ter um diálogo "sem frescura" com o líder americano. "Vamos discutir com sinceridade, com objetividade. Dois homens sentados em volta de uma mesa não têm que ficar com muita frescura, não. É dizer o que cada um quer, o que é preciso fazer - e fazer", afirmou.
O encontro, segundo Lula, será uma "conversa livre, sem vetos e sem temas proibidos", e que o Brasil está pronto para tratar de qualquer assunto, como comércio, meio ambiente, direitos humanos, minerais críticos e defesa. "Não há nenhum tema que não possa ser tratado entre duas grandes nações."
Acordos comerciais
O líder brasileiro também vê na reunião de domingo um ponto de partida para um diálogo técnico entre os dois países, com maior agilidade nas relações comerciais e a perspectiva de fechar um acordo com os EUA.
"Se eu pudesse prever quando o acordo vai sair, eu te diria. Eu queria que fosse ontem, mas se for amanhã, já está bom. Quanto mais rápido, melhor. Se eu não acreditasse que é possível chegar a um acordo, eu não faria a reunião. Eu nunca participo de uma reunião em que não acredito no sucesso", afirmou", disse.
Tarifaço e retaliações
Na conversa, Lula planeja "recolocar a verdade na mesa" ao apresentar dados sobre o comércio bilateral, para mostrar que as tarifas americanas impostas a produtos brasileiros são injustificadas.
"Os Estados Unidos não são deficitários, eles tiveram superávit de US$ 410 bilhões em 15 anos com o Brasil. Não faz sentido alegar prejuízo comercial e, portanto, não há explicação para a taxação feita ao Brasil”, argumentou.
Lula disse que também pretende questionar as punições aplicadas por Washington a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras autoridades brasileiras, classificando as medidas como "sem base legal". "Nas leis americanas não tem nenhuma explicação, porque eles não cometeram erro algum. Estão cumprindo a Constituição do meu país", declarou.
Reaproximação
Lula ainda ressaltou que quer retomar uma relação civilizada e rotineira com os Estados Unidos, destacando que os dois países mantêm laços diplomáticos há mais de 200 anos.
"Não há divergência que não possa ser superada quando há disposição de conversar. Eu acredito muito na negociação e na relação humana. Não se constrói relação olhando uma tela, e sim olhando no olho, apertando a mão, conversando com sinceridade", disse.
O presidente espera que a reunião seja uma oportunidade de reaproximação entre "as duas maiores democracias do Ocidente". "Nós temos que mostrar harmonia, e não desavença. Passar uma perspectiva de melhoria de vida para o povo que representamos."