Ricardo Stuckert/PR
Por Geovani Bucci e Gabriel de Sousa, da Broadcast
redacao@viva.com.brSão Paulo e Brasília, 06/08/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, 6, em entrevista à Reuters, que vai ligar para o presidente da China, Xi Jinping, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e outros líderes do Brics para discutir uma resposta conjunta à escalada tarifária dos Estados Unidos contra produtos importados de países do grupo.
Segundo o presidente, a ideia é construir uma posição unificada entre os países emergentes diante do que considera uma “ação abusiva” do governo Trump. Ele também anunciou que conversará com Modi nesta quinta-feira, 7, e que pretende organizar uma missão empresarial à Índia nos próximos meses para expandir mercados.
Nesse sentido, o presidente reforçou que suas relações internacionais não têm base ideológica, mas são construídas em torno de interesses estratégicos e econômicos. Segundo ele, o diálogo com diferentes chefes de Estado - independentemente de espectros políticos - tem como objetivo central gerar benefícios concretos para os países envolvidos. A sinalização vem num momento de forte tensão comercial com os EUA e de reaproximação com países asiáticos como a China, após o governo de Jair Bolsonaro (PL).
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Apesar das críticas à nova postura de Trump na economia e ao impacto das tarifas sobre o Brasil, Lula afirmou que pretende convidar pessoalmente o presidente norte-americano para a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA). Segundo ele, a conferência climática precisa incluir todos os atores globais relevantes. “Ele não pode ficar de fora”, disse em meio ao clima diplomático deteriorado.
Trump está jogando fora a oportunidade de conversar com presidente mais democrático da América Latina", disse Lula. "Se Trump soubesse que eu gosto de conversar, ele já teria conversado comigo."
O presidente também disse que o Conselho de Política Mineral que será criado pelo governo federal e ligado à Presidência da República busca defender os minerais críticos e terras raras brasileiras. Segundo o petista, isso não impede que empresas estrangeiras possam explorar os produtos, mas busca defender a economia brasileira.
“Isso não significa que a gente não possa negociar com outros países do mundo, isso não significa que a gente não pode fazer parcerias de empresas estrangeiras virem para o Brasil explorar esses minerais críticos. Nós não vamos permitir o que aconteceu no século passado, em que o Brasil exporta minério e compra produtos com valor agregado muito alto. Nós queremos que tenha valor agregado aqui no Brasil”, declarou o presidente.
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Lula assumiu uma posição de contraposição ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou, nesta segunda-feira, 5, que há a possibilidade de acordos de cooperação com os Estados Unidos envolvendo terras raras e minerais críticos.
“Nós temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes na área tecnológica”, disse o ministro em entrevista à BandNews.
Lula também afirmou que é uma teoria o fim dos cartões de crédito por causa do Pix, que é um dos temas investigados pela Seção 301 do Departamento de Estado dos EUA, utilizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pressionar o Brasil.
“Ficar acreditando que o Pix vai acabar com o cartão de crédito é uma teoria, porque ainda não entrou em vigor e a gente vai tomar medidas para valorizar o Pix. Poderia fazer um acordo entre os dois presidentes do Banco Central para o presidente Trump ver como é fácil fazer acordos pelo Pix”, afirmou Lula.
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