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São Paulo, 19/06/2025 - A realização de um procedimento cirúrgico carrega desafios, tanto para pacientes quanto para médicos. E, quando envolve pessoas idosas, os cuidados precisam ser redobrados. De acordo com Gabriel Kushiyama Teixeira, médico urologista e gerente médico do Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo), em São Paulo, isso acontece porque pacientes nessa faixa etária costumam ser acometidos por um maior número de doenças crônicas pré-existentes que demandam maior atenção.
"Por esse motivo, idosos devem passar por uma avaliação médica completa antes da cirurgia, incluindo exames laboratoriais e avaliação de todos os órgãos vitais, como coração, pulmões e rins".
O médico diz ainda que pessoas idosas costumam ter menos reservas fisiológicas, ou seja, o organismo responde com mais dificuldade a situações de estresse, como uma cirurgia. "Elas também têm maior chance de apresentar múltiplas doenças ao mesmo tempo, como pressão alta, diabetes ou problemas cardíacos, por vezes usam mais medicamentos e podem ter alterações cognitivas ou motoras que dificultam a recuperação".
Ele destaca ainda que é fundamental garantir que o paciente esteja bem nutrido, hidratado e com doenças crônicas, como diabetes ou hipertensão, bem controladas para uma boa evolução em cirurgia. "Todas essas condições exigem cuidados mais personalizados para cada paciente antes, durante e depois da cirurgia", completa.
Elton Shinji Onari, médico anestesiologista do Hospital Nipo-Brasileiro, esclarece que algumas das complicações mais comuns no pós-operatório incluem infecções, dificuldade para respirar, alterações na pressão arterial e risco de trombose. "Também são mais frequentes episódios de confusão mental temporária, especialmente após anestesia. Em casos mais graves, pode haver piora de doenças pré-existentes, como insuficiência cardíaca ou renal", alerta.
Ele complementa destacando que a chave para reduzir os riscos é o preparo adequado antes da cirurgia e o acompanhamento atento após o procedimento:
"Isso inclui controle rigoroso da dor, tirar o paciente do leito o quanto antes garantindo mobilidade, acompanhamento da nutrição, fisioterapia, controle das doenças crônicas e atenção a sinais de infecção ou confusão mental. Uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas, também é essencial para uma recuperação segura e eficiente".
Como destacado pelos médicos, a alimentação adequada também desempenha um papel fundamental no preparo e na recuperação pós-operatória em paciente idosos, contribuindo para uma cicatrização mais rápida, com fortalecimento do sistema imunológico e redução de complicações.
De acordo com Rita de Cássia Maturo, nutricionista e responsável pelo serviço no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), também em São Paulo, estudos mostram que pacientes bem nutridos antes e depois das cirurgias, com menos tempo de jejum, podem ter alta mais rapidamente, o que aumenta em cerca de 30% a rotatividade do leito e otimiza o sistema de saúde.
Além disso, ela observa que a desnutrição hospitalar afeta uma parte considerável dos pacientes internados. "A falta de nutrientes pode levar a complicações como infecções, atraso no fechamento de feridas e aumento do tempo de internação. Portanto, identificar a ferida cirúrgica e tratá-la de forma precoce é fundamental para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes”, explica.
Embora cada paciente tenha suas especificidades, Maturo diz que, em geral, pacientes acima de 60 anos desnutrem com mais facilidade e absorvem menos nutrientes do que aqueles com menos idade, por isso os cuidados devem ser redobrados.
"Muitas vezes, o que falta para a ferida cicatrizar não está no curativo, mas nos nutrientes presentes no organismo. A recuperação começa com o suporte correto na dieta alimentar. A nutrição é uma ferramenta clínica poderosa que impacta diretamente na evolução do paciente acamado e diminui intercorrências".
A especialista destaca que, com cada vez mais produtos industrializados, ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas e açúcares na mesa dos brasileiros, a qualidade nutricional da alimentação tende a cair. "Itens de baixa qualidade em excesso podem causar mais inflamação e piora na cicatrização de feridas cirúrgicas", completa
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