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Como a proibição de esmaltes em gel pode afetar manicures e clientes

Divulgação/Unhas Cariocas

Esmaltes em gel são populares em processos de alongamento das unhas e se tornaram alvo de proibição da Anvisa - Divulgação/Unhas Cariocas
Esmaltes em gel são populares em processos de alongamento das unhas e se tornaram alvo de proibição da Anvisa

Por Bianca Bibiano e Emanuele Almeida

redacao@viva.com.br
Publicado em 03/11/2025, às 15h01 - Atualizado às 15h49

São Paulo, 03/11/2025 - A proibição na última semana de duas substâncias químicas utilizadas em esmaltes em gel e em produtos para alongamento de unhas trouxe novas preocupações para o ramo da beleza e cuidados pessoais, tanto para empresas quanto para clientes, especialmente em relação ao risco para a saúde.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a medida foi tomada para proteger consumidores e profissionais de beleza contra potenciais riscos à saúde, como câncer e problemas de fertilidade. Contudo, esclarece que "não há motivo para alarde", uma vez que os riscos estão ligados apenas a grandes quantidades do produto.

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Quais substâncias dos esmaltes são perigosas e por quê?

As substâncias banidas foram o TPO (óxido de difenil [2,4,6-trimetilbenzol] fosfina) e o DMPT (N,N-dimetil-p-toluidina), também conhecido como dimetiltolilamina (DMTA). A decisão segue parâmetros da União Europeia, que proibiu os dois produtos em setembro deste ano.
No que diz respeito à saúde, a médica dermatologista Natasha Crepaldi relembra que os riscos apresentados só podem ocorrem em contato direto, em grande volume e frequência. Ela também ressalta a natureza de prevenção da determinação da Anvisa:
"Os últimos estudos que tratavam do tema ainda permitiam até 5% de concentração desses produtos, e os realizados mais recentemente foram feitos em ratos. Então, é um tipo de proibição que se baseia no princípio da precaução", analisa.

Natasha acrescenta ainda que outra consequência do contato com o TPO pode ser a dermatite de contato, que se manifesta por meio de coceira, vermelhidão, descamação e, em alguns casos, pode causar a aderência da pele ao redor da cutícula ou a formação de pequenas bolhas sob a lâmina. Nesses casos, ela indica a retirada das unhas artificiais e a suspensão do procedimento.

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Cuidados

A médica dermatologista ressalta que os cuidados ao realizar procedimentos de aplicação e manutenção de unhas de gel devem considerar tanto os riscos apresentados pelas substâncias proibidas quanto outros elementos que fazem parte do serviço.

Um deles é a luz ultravioleta (UV) usada no procedimento, que, com o contato contínuo, pode aumentar as chances de câncer de pele. “Esse tipo de risco é totalmente prevenível. Assim, a cliente deve usar sempre protetor solar durante a aplicação ou manutenção, e o profissional que realiza o procedimento deve usar luvas com proteção ultravioleta”, recomenda.

Empresas se adaptam às novas regras

Mauricio Cesar, CEO da rede de esmaltaria Unhas Cariocas, diz que a decisão já era antecipada pelo setor desde setembro, quando a proibição aconteceu na Europa. "Para nós, que também fabricamos nosso próprio esmalte em gel, a retirada das substâncias da linha de produção já estava em andamento, o que reduz o impacto imediato da decisão".
Ainda assim, o empresário acredita que a proibição pode afetar o trabalho de manicures no País.
A única coisa que a gente lamenta é que muitas profissionais dependem disso para sobreviver e o período de fim de ano é estratégico para elas.
Segundo ele, a Anvisa "foi infeliz" na decisão dando 90 dias para adequação, enquanto na Europa o prazo foi de seis meses".
Cesar explica que os alongamentos com esmaltação em gel se popularizaram no Brasil nos últimos 15 anos, suprindo uma lacuna de mercado causada pela demanda de produtos que oferecessem unhas artificiais mais resistentes. "A esmaltação tradicional, sem o gel, ainda é o tipo mais popular no Brasil, mas os alongamentos já representam 30% do faturamento da marca. Em algumas localidades, como Rio de Janeiro, a parcela chega a 50%, é um percentual alto do faturamento", explica.
O empresário diz ainda que a retirada das substâncias químicas não afeta a qualidade da esmaltação em gel nem dos alongamentos. No longo prazo, porém, a mudança pode afetar os custos de produção para as fabricantes. "O insumo tende a ficar mais caro, mas decidimos não repassar nenhum valor para as clientes nesse primeiro momento por entender que se trata de uma fase delicada".
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), na condição de representante das empresas do setor de beleza e cuidados pessoais, disse que "vem apoiando suas associadas para garantir o cumprimento da determinação da Anvisa nos prazos e condições indicados pela autoridade sanitária".
A associação reforçou "a importância de consumidores e profissionais do setor utilizarem produtos que estejam em estrita conformidade com os ingredientes e formulações autorizadas pela nova legislação", e completou: "O foco da indústria de beleza e cuidados pessoais é sempre trabalhar para que consumidores e profissionais do setor tenham acesso a alternativas eficazes e seguras, promovendo a beleza sem comprometer a saúde."

Como identificar substâncias proibidas em seu esmalte

Para verificar se o produto que você utiliza contém uma das substâncias proibidas pela Anvisa, é importante observar o rótulo ou a lista de ingredientes, geralmente em letras pequenas na parte de trás do rótulo.
Segundo a agência reguladora, as substâncias podem aparecer com diferentes nomes nas embalagens; veja exemplos a seguir:
TPO (CAS nº 75980-60-8):
  • Diphenyl (2,4,6-trimethylbenzoyl) phosphine oxide
  • Trimethylbenzoyl diphenylphosphine oxide
  • Óxido de difenil (2,4,6-trimetilbenzol) fosfina
  • Phosphine oxide, diphenyl(2,4,6-trimethylbenzoyl)
  • 2,4,6-Trimethylbenzoyldiphenylphosphine oxide
  • (Diphenylphosphoryl)(2,4,6-trimethylphenyl)methanone
  • (Diphenylphosphoryl)(mesityl)methanone
DMPT ou DTMA (CAS nº 99-97-8):
  • N,N-dimethyl-p-toluidine
  • Dimethyltolylamine
  • Dimetil-4-toluidina
  • N,N-dimetil-p-toluidina
  • 4-methyl-N,N-dimethylaniline
  • 4-Dimethylaminotoluene

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