Dieta planetária une saúde à preservação ambiental

São Paulo, 05/11/2025 – A poucos dias da COP30, em Belém, o X Congresso de Gerontologia da Universidade de São Paulo, realizado nesta quarta-feira, 5, abordou a dieta planetária: o equilíbrio entre uma alimentação saudável e a conservação e preservação do meio ambiente.

A médica geriatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Claudia Suemoto, especialista no tema, explica que a dieta planetária é concebida não apenas como uma dieta saudável para o indivíduo, mas também para o planeta.“Mas, para que seja efetiva, é necessário que haja uma mudança substancial no padrão alimentar atual”, observa.

Cláudia avalia que, para que esse hábito alimentar seja adotado e gere resultados benéficos tanto individual quanto ambientalmente, é preciso reduzir globalmente em 50% o consumo de alimentos não saudáveis — principalmente açúcar e carne vermelha —, além de aumentar em mais de 100% o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, vegetais e legumes.

“Estima-se que essa transição, de uma dieta não saudável para uma saudável, possa evitar cerca de 11 milhões de óbitos prematuros”, ressalta a professora.

A associação entre alimentação saudável e sustentabilidade ambiental global também decorre da preocupação com o modo atual de produção de alimentos, que ameaça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente aqueles relacionados à fome zero, água limpa, cidades sustentáveis, vida abaixo da água e ação climática.

“A carne vermelha apresenta um efeito expressivo em todos os potenciais impactos negativos sobre o meio ambiente. Pesquisas indicam que, mesmo em pequenas quantidades, como 28 gramas de carne vermelha, já há um impacto significativo na demanda ambiental”, explica.

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Equidade

Cláudia Suemoto também observa que, embora seja um padrão alimentar ideal, a dieta planetária não é distribuída nem aplicada de forma igualitária entre os grupos sociais. Assim, pessoas com maior renda, especialmente na Europa, conseguem manter hábitos alimentares mais saudáveis e reduzir riscos à saúde, como o declínio cognitivo, ao contrário das populações mais pobres.

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Dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura indicam que 673 milhões de pessoas no mundo enfrentam fome crônica. Cláudia relembra que, em 2018, 820 milhões de pessoas sofriam com a falta de alimentos. “A prevalência de desnutrição é de 9% no mundo, mas varia amplamente, sendo de 3% em países de alta renda e chegando a 29% em países pobres, como os da África”, salienta.

Ela também associa o maior consumo de alimentos ultraprocessados às populações mais pobres em países ricos, principalmente fast foods. Esse contexto salienta que o problema associado ao consumo de produtos mais saudáveis torna-se acessível apenas àqueles que possuem condições financeiras para isso, já que também há um aumento no custo desses alimentos, especialmente em situações ambientais extremas, como secas, queimadas e chuvas intensas.