Doenças respiratórias não preveníveis por vacina matam mais que gripe

Junior Rosa/SBPT

Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Ricardo Amorim alertou para aumento dessas doenças - Junior Rosa/SBPT
Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Ricardo Amorim alertou para aumento dessas doenças
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 29/07/2025, às 17h32

São Paulo, 29/07/2025 - As doenças respiratórios não preveníveis por vacina, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e o câncer de pulmão, já provocam mais mortes no Brasil do que a própria gripe. É o que alerta uma nova campanha da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), lançada nesta terça-feira em evento para a imprensa. O objetivo da iniciativa é levantar a discussão para doenças que crescem no País e pressionam o Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda são pouco destacadas.

Segundo dados do DATASUS, essas três doenças são responsáveis por mais de 60 mil mortes por ano. Para vias de comparação, a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) prevenível por vacina, foi responsável por quase 11 mil mortes em 2024, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

"O Brasil é um exemplo na luta por ampliar a prevenção das doenças respiratórias que têm vacinas, caso da gripe, do vírus sincicial respiratório e da covid-19, mas as doenças sem vacina já sobrecarregam o sistema, especialmente porque em muitos casos o seu diagnóstico é tardio", destacou , pneumologista e presidente da SBPT durante o evento.

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O médico alerta que as populações idosas são potencialmente afetadas pela falta de acesso a diagnósticos mais assertivos. "Apesar de ter havido uma redução de 25,8% na mortalidade por DPOC entre 2000 e 2019, ela foi responsável por mais de 1 milhão de mortes nesse período, com uma idade média de 76 anos", pontua Amorim.

De modo geral, estima-se que 3% da população brasileira tenha doenças respiratórias crônicas, com prevalência de 4,2% em São Paulo em pessoas acima de 40 anos de idade, apontou o médico. Ele destaca que os principais fatores de risco estão atrelados a condições socioeconômicas, histórico de saúde e exposição ambiental, em especial a poluição e o tabagismo.

"Dentre as pessoas diagnosticadas nesses quadros, 77% usam o medicamento prescrito, mas 50% adquire a medicação com recursos próprios nas farmácias, mostrando também um desafio de acesso via sistema público."

Tabagismo aumenta risco para doenças respiratórias crônicas

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Maria Vera Cruz Castellano, membro da comissão de tabagismo da SBPT (Crédito: Junior Rosa/SBPT)

Maria Vera Cruz Castellano, membro da comissão de tabagismo da SBPT, afirma que o consumo de tabaco e a dependência de nicotina estão diretamente relacionados ao aumentos de casos de doenças respiratórias crônicas. "Apesar de uma queda na quantidade de fumantes, as doenças mais graves são ligadas ao tabagismo, com sintomas que podem levar até de 20 a 30 anos para se manifestarem, agravando quadros crônicos e ampliando o risco de mortalidade", disse a médica durante o evento. 

Ela destacou, porém, que a cessação do vício a qualquer momento reduz os impactos negativos e oferece mais qualidade de vida, "mesmo em pessoas acima de 80 anos de idade". Durante sua fala, Castellano observou que em 1989 cerca de 34% da população brasileira fumava, um índice que seguiu em queda até 2024, quando o País registrou 9,3% de fumantes. A taxa, porém, vem aumentando e despertando preocupação no setor da saúde.

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Dados preliminares divulgados pelo Ministério da Saúde em maio mostram tendência de crescimento no tabagismo nas capitais e no Distrito Federal, chegando a mais de 13% da população. "O consumo de cigarros eletrônicos é um dos fatores ligados a essa causa, cabendo a sociedade retomar a conscientização para os riscos associados", completa.

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