Quanto tempo leva para reduzir a gordura do fígado com mudanças de hábitos

Foto: Envato Elements

Além do aumento do tamanho e da coloração amarelada do órgão, em estágios mais avançados o transplante pode se tornar a única alternativa - Foto: Envato Elements
Além do aumento do tamanho e da coloração amarelada do órgão, em estágios mais avançados o transplante pode se tornar a única alternativa

Por Beatriz Duranzi

redacao@viva.com.br
Publicado em 09/10/2025, às 18h49

São Paulo, 09/10/2025 - A esteatose hepática, mais conhecida como gordura no fígado, é uma condição que ocorre quando as células do órgão acumulam gordura em excesso. De acordo com o Ministério da Saúde, é considerado um quadro preocupante quando esse acúmulo ultrapassa 5% do peso do fígado. Se não houver tratamento, o problema pode evoluir para inflamações mais graves, como hepatite gordurosa, cirrose e até câncer de fígado.

Além do aumento do tamanho e da coloração amarelada do órgão, em estágios mais avançados o transplante pode se tornar a única alternativa. A boa notícia é que, com mudanças no estilo de vida, o quadro pode ser revertido.

Consultada pelo Portal Viva, a nutricionista Ana Livia Vicco explica que as Diretrizes Brasileiras de Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica mais atuais não mencionam um tempo fixo para a reversão da esteatose hepática. 

No entanto, perder cerca de 7% do peso corporal e adotar hábitos mais saudáveis são medidas capazes de frear a evolução da doença.

De acordo com a Diretriz Brasileira de Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica, não existe um tempo definido para a reversão da esteatose hepática. No entanto, a redução superior a 7% do peso corporal, quando associada a mudanças consistentes no estilo de vida, pode retardar o desenvolvimento e a progressão da doença. O tempo para observar melhoras varia conforme o estágio da esteatose e as condições individuais de cada paciente, mas, em geral, resultados positivos podem ser percebidos a partir de três meses de intervenção.

Leia também: As frutas que podem ajudar a regenerar o fígado e combater inflamações

Principais causas e tipos de gordura no fígado

A esteatose hepática é dividida em duas categorias:

  • Alcoólica: causada pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
  • Não alcoólica: relacionada a fatores metabólicos e hábitos de vida inadequados.

Entre as causas mais comuns da esteatose não alcoólica estão sobrepeso, obesidade, diabetes, colesterol alto, sedentarismo e má alimentação. O uso de certos medicamentos, como corticoides e hormônios, também pode contribuir para o acúmulo de gordura no fígado.

Quem tem mais risco

Pessoas obesas, sedentárias ou que consomem álcool, mesmo que ocasionalmente, têm maior propensão a desenvolver gordura no fígado. O risco também é mais alto entre mulheres, devido à ação do estrógeno, hormônio que facilita o acúmulo de gordura.

Em crianças e adolescentes, a esteatose geralmente está associada ao excesso de peso e ao sedentarismo, reforçando a importância de hábitos saudáveis desde cedo.

Outras condições que aumentam o risco incluem síndrome metabólica, ovário policístico, hipotireoidismo, apneia do sono e acúmulo de gordura abdominal.

Leia também: Pfizer interrompe remédio para obesidade por possíveis danos ao fígado

Tratamento e reversão

O tratamento da gordura no fígado baseia-se principalmente em mudanças no estilo de vida. Médicos e nutricionistas recomendam três pilares essenciais:

  • Alimentação balanceada e natural
  • Prática regular de atividade física
  • Controle do peso corporal

Em alguns casos, medicamentos podem ser indicados para controlar doenças associadas, como diabetes e colesterol alto. Entre os mais utilizados estão a metformina, pioglitazona, rosiglitazona e vitamina E (em doses orientadas por especialistas). 

O ômega 3 também pode auxiliar na redução da gordura hepática, embora seus efeitos sobre complicações mais graves ainda estejam em estudo.

É possível curar gordura no fígado?

Sim. Quando o diagnóstico é feito precocemente e o paciente segue o tratamento indicado, há grandes chances de reversão total da esteatose hepática. Mesmo em casos mais avançados, é possível estabilizar o quadro e evitar danos permanentes.

O ponto-chave está na consistência dos hábitos, manter uma rotina saudável por meses, e não apenas por semanas, é o que faz diferença na regeneração do fígado.

Leia também: O que é um retransplante de órgão? Quando ele é necessário e quais os riscos?

Riscos de não tratar

Ignorar o acúmulo de gordura no fígado pode ter consequências sérias. A doença pode evoluir para esteato-hepatite, uma inflamação que, em até 20% dos casos não tratados, progride para cirrose hepática. 

Quando isso acontece, o tecido saudável do fígado é substituído por fibrose, prejudicando o funcionamento do órgão.

Em estágios terminais, pode ser necessário um transplante, e o risco de câncer hepático também aumenta.

A gordura no fígado é um problema silencioso, mas reversível. Com acompanhamento médico e mudanças consistentes nos hábitos alimentares e físicos, é possível ver resultados em poucos meses e garantir um fígado mais saudável a longo prazo.

Palavras-chave fígado gordura saúde órgão

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias