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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 09/10/2025 - A esteatose hepática, mais conhecida como gordura no fígado, é uma condição que ocorre quando as células do órgão acumulam gordura em excesso. De acordo com o Ministério da Saúde, é considerado um quadro preocupante quando esse acúmulo ultrapassa 5% do peso do fígado. Se não houver tratamento, o problema pode evoluir para inflamações mais graves, como hepatite gordurosa, cirrose e até câncer de fígado.
Além do aumento do tamanho e da coloração amarelada do órgão, em estágios mais avançados o transplante pode se tornar a única alternativa. A boa notícia é que, com mudanças no estilo de vida, o quadro pode ser revertido.
Consultada pelo Portal Viva, a nutricionista Ana Livia Vicco explica que as Diretrizes Brasileiras de Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica mais atuais não mencionam um tempo fixo para a reversão da esteatose hepática.
No entanto, perder cerca de 7% do peso corporal e adotar hábitos mais saudáveis são medidas capazes de frear a evolução da doença.
De acordo com a Diretriz Brasileira de Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica, não existe um tempo definido para a reversão da esteatose hepática. No entanto, a redução superior a 7% do peso corporal, quando associada a mudanças consistentes no estilo de vida, pode retardar o desenvolvimento e a progressão da doença. O tempo para observar melhoras varia conforme o estágio da esteatose e as condições individuais de cada paciente, mas, em geral, resultados positivos podem ser percebidos a partir de três meses de intervenção.
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A esteatose hepática é dividida em duas categorias:
Entre as causas mais comuns da esteatose não alcoólica estão sobrepeso, obesidade, diabetes, colesterol alto, sedentarismo e má alimentação. O uso de certos medicamentos, como corticoides e hormônios, também pode contribuir para o acúmulo de gordura no fígado.
Pessoas obesas, sedentárias ou que consomem álcool, mesmo que ocasionalmente, têm maior propensão a desenvolver gordura no fígado. O risco também é mais alto entre mulheres, devido à ação do estrógeno, hormônio que facilita o acúmulo de gordura.
Em crianças e adolescentes, a esteatose geralmente está associada ao excesso de peso e ao sedentarismo, reforçando a importância de hábitos saudáveis desde cedo.
Outras condições que aumentam o risco incluem síndrome metabólica, ovário policístico, hipotireoidismo, apneia do sono e acúmulo de gordura abdominal.
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O tratamento da gordura no fígado baseia-se principalmente em mudanças no estilo de vida. Médicos e nutricionistas recomendam três pilares essenciais:
Em alguns casos, medicamentos podem ser indicados para controlar doenças associadas, como diabetes e colesterol alto. Entre os mais utilizados estão a metformina, pioglitazona, rosiglitazona e vitamina E (em doses orientadas por especialistas).
O ômega 3 também pode auxiliar na redução da gordura hepática, embora seus efeitos sobre complicações mais graves ainda estejam em estudo.
Sim. Quando o diagnóstico é feito precocemente e o paciente segue o tratamento indicado, há grandes chances de reversão total da esteatose hepática. Mesmo em casos mais avançados, é possível estabilizar o quadro e evitar danos permanentes.
O ponto-chave está na consistência dos hábitos, manter uma rotina saudável por meses, e não apenas por semanas, é o que faz diferença na regeneração do fígado.
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Ignorar o acúmulo de gordura no fígado pode ter consequências sérias. A doença pode evoluir para esteato-hepatite, uma inflamação que, em até 20% dos casos não tratados, progride para cirrose hepática.
Quando isso acontece, o tecido saudável do fígado é substituído por fibrose, prejudicando o funcionamento do órgão.
Em estágios terminais, pode ser necessário um transplante, e o risco de câncer hepático também aumenta.
A gordura no fígado é um problema silencioso, mas reversível. Com acompanhamento médico e mudanças consistentes nos hábitos alimentares e físicos, é possível ver resultados em poucos meses e garantir um fígado mais saudável a longo prazo.
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