Hidradenite supurativa: a doença de pele dolorosa que pouca gente identifica

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Doença de pele que pode ser confundida com acne pode levar anos para ser diagnosticada - Foto: Envato Elements
Doença de pele que pode ser confundida com acne pode levar anos para ser diagnosticada

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 06/06/2025, às 10h50

Pouco conhecida por grande parte da população, a Hidradenite Supurativa (HS) é uma doença de pele crônica, inflamatória e de evolução imprevisível, que pode comprometer de forma profunda o bem-estar físico e emocional dos pacientes. Celebrado nesta sexta-feira (6), o Dia Mundial da Hidradenite Supurativa tem como principal objetivo alertar a sociedade sobre a gravidade dessa condição e incentivar o acesso a diagnósticos e tratamentos eficazes.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) aproveita a data para enfatizar que, embora não haja cura definitiva para a HS, é possível controlar seus sintomas e até alcançar longos períodos de remissão, desde que haja acompanhamento especializado e mudanças de hábitos de vida.

Uma condição inflamatória que vai além da pele

A Hidradenite Supurativa afeta principalmente os folículos pilosos (estrutura onde nasce o pelo), manifestando-se com mais frequência em regiões de dobras corporais como axilas, virilhas, glúteos e parte interna das coxas. A doença provoca nódulos dolorosos, abscessos recorrentes e túneis sob a pele, que podem drenar secreções e apresentar mau cheiro, comprometendo não apenas o conforto físico, mas também a autoestima e a vida social dos pacientes.

Embora ainda não se conheça uma única causa, fatores como genética, obesidade, tabagismo e alimentação rica em carboidratos refinados estão associados ao surgimento e agravamento da condição. Alterações hormonais, embora muitas vezes suspeitas, têm relação menos significativa.

Segundo especialistas da SBD, o diagnóstico é basicamente clínico, feito por dermatologistas durante a avaliação das lesões e histórico do paciente. Em alguns casos, exames como a ultrassonografia podem ser úteis para mapear a profundidade das lesões.

O papel do tratamento individualizado

De acordo com a SBD, o sucesso no controle da Hidradenite está diretamente ligado ao início precoce do tratamento e à abordagem multidisciplinar. Isso inclui medicações específicas, intervenções com laser, mudanças comportamentais e, nos casos mais graves, cirurgias.

O presidente da entidade, Dr. Carlos Barcaui, reforça que o maior desafio ainda é o desconhecimento generalizado sobre a doença, o que leva muitos pacientes à automedicação ou à busca por soluções milagrosas na internet. Ele destaca que nenhuma informação substitui a avaliação de um dermatologista qualificado, que é capaz de identificar o estágio da doença e indicar o tratamento mais adequado.

Quando a cirurgia é necessária

Para pacientes com formas moderadas a graves da HS, a intervenção cirúrgica pode ser uma estratégia indispensável. Nesses estágios, é comum o surgimento de túneis interligados entre as lesões, o que intensifica as crises inflamatórias e torna o tratamento clínico isolado insuficiente.

O dermatologista Dr. Mário Chaves, membro da SBD, explica que a cirurgia ajuda a remover áreas da pele que atuam como focos permanentes de inflamação. Os procedimentos variam desde drenagens simples até excisões amplas com reconstrução da pele, sendo esta última considerada a mais eficaz de acordo com estudos de metanálise.

No entanto, o especialista ressalta que a cirurgia não é uma solução isolada: ela deve estar integrada ao controle clínico da doença e à eliminação de fatores agravantes, como sobrepeso, atrito local e tabagismo. Essa abordagem combinada aumenta as chances de alcançar períodos prolongados sem recidivas.

A conscientização sobre a Hidradenite Supurativa ainda é baixa, o que faz com que muitos pacientes convivam com dor, vergonha e frustração por anos antes de obterem o diagnóstico correto. Por isso, campanhas como o Dia Mundial da HS têm papel fundamental na educação em saúde, ampliando o acesso à informação confiável e ao cuidado especializado.

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