Metais tóxicos são encontrados em brinquedos infantis; pesquisa aponta riscos

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O resultado mostrou que boa parte dos produtos não segue as normas de segurança - Foto: Envato Elements
O resultado mostrou que boa parte dos produtos não segue as normas de segurança

Por Joyce Canele

redacao@viva.com.br
Publicado em 07/10/2025, às 13h42 - Atualizado às 19h22

São Paulo, 07/10/2015 - Até onde as crianças estão seguras? Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou altos níveis de metais tóxicos em brinquedos plásticos comercializados no país.

A pesquisa, publicada na revista Exposure and Health, é considerada a mais abrangente sobre o tema já feita no Brasil. Foram analisados 70 brinquedos de fabricação nacional e importada, comprados em lojas populares e shopping centers de Ribeirão Preto.

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O resultado mostrou que boa parte dos produtos não segue as normas de segurança estabelecidas pelo Inmetro e pela União Europeia. Alguns dos principais metais tóxicos encontrados são:

- O bário foi o elemento mais alarmante, aparecendo acima do limite em 44,3% das amostras, em alguns casos com concentrações até 15 vezes maiores do que o permitido.

- O chumbo, conhecido por causar danos neurológicos graves e redução do Q.I. em crianças, também ultrapassou os níveis seguros em 32,9% dos brinquedos.

- O antimônio e o crômio, associados a irritações gastrointestinais e até ao desenvolvimento de câncer, apresentaram irregularidades em cerca de um quarto das amostras.

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Riscos à saúde infantil

A presença desses metais representa um perigo direto à saúde das crianças, especialmente porque muitos brinquedos analisados têm formato e tamanho que facilitam o contato com a boca.

A exposição contínua a essas substâncias podem causar distúrbios neurológicos, problemas cardíacos e até paralisias.

Foram realizados testes de digestão ácida assistida por micro-ondas, que simulam o contato do material com a saliva e o suco gástrico.

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As taxas de extração das substâncias variaram de 0,11% a 7,33%, o que indica que apenas uma pequena parte dos contaminantes é liberada.

Mesmo assim, os pesquisadores destacam que as concentrações totais encontradas permanecem elevadas e preocupantes.

Brinquedo
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A investigação também buscou identificar as origens da contaminação. Foram observadas correlações entre metais como níquel, cobalto e manganês, sugerindo que o problema pode estar relacionado ao processo de fabricação ou à composição das tintas utilizadas.

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Brinquedos de cor bege apresentaram os maiores índices de metais, o que indica possível relação com o fornecedor da pigmentação.

Medidas e recomendações

O pesquisador responsável pelo estudo defende que o Brasil adote políticas mais rigorosas de controle, com testes laboratoriais regulares, rastreabilidade das matérias-primas e certificações mais exigentes.

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A ausência de fiscalização efetiva na produção de brinquedos, segundo ele, expõe as crianças a riscos desnecessários e representa um problema de saúde pública.

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