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Nova lei incentiva investigação de autismo em adultos e idosos

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Nova lei sobre TEA foi sancionada pelo presidente Lula nesta semana - Freepik
Nova lei sobre TEA foi sancionada pelo presidente Lula nesta semana
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 14/11/2025, às 08h16

São Paulo, 14/11/2025 - Agora, uma nova lei incentiva a realização da investigação diagnóstica do transtorno do espectro autista (TEA) em pessoas adultas e idosas. Até então, a investigação para diagnóstico estava restrita a crianças e adolescentes, especialmente em fase escolar. 
A nova lei, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva nesta semana, altera a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, conhecida como Lei Berenice Piana.
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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base no Censo Demográfico de 2022 apontam que o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo, sendo a maioria menores de 19 anos de idade.
O órgão estima que a população adulta com o transtorno seja de 1,3 milhão, porém, especialistas acreditam que o dado seja subestimado exatamente pela falta de diagnóstico, que era pouco incentivado até então.
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Arnaldo Brito de Jesus foi identificado como autista aos 72 anos e é considerado um dos primeiros do País a receber o diagnóstico em idade avançada - Acervo pessoal
A neurocientista especialista em TEA Anita Brito, diretora técnica do Próximo Degrau, diz que a mudança na legislação é um avanço.
"Essa lei é de extrema importância. O diagnóstico tardio se faz muito necessário, principalmente porque as pessoas autistas de nível 1 e 2 de suporte que são muito mais suscetíveis a desenvolverem outros transtornos, como depressão, ideação e tentativa de suicídio, personalidade borderline e crises de Burnout". 
Segundo ela, o autista adulto não diagnosticado não se sente pertencente. "A falta de diagnóstico no adulto gera muitas dúvidas do porquê ele é daquele jeito, e acaba falhando muito em relacionamentos, sejam amorosos, de amizade ou no trabalho, não só porque ele não se compreende, mas também porque as pessoas não o entendem."
É o caso de Arnaldo Brito de Jesus, que recebeu o diagnóstico aos 72 anos. Hoje, com 84, ele compreende as dificuldades vivenciadas ao longo da vida por ser mais calado, metódico, muito impaciente e com necessidade extrema de cumprir rotinas. "Ele nunca ia a festas de família, por exemplo", relembra Anita Brito, que acompanhou de perto o diagnóstico do pai.

Como é feito o diagnóstico de autismo em adultos?

De acordo com Brito, o diagnóstico de TEA em adultos segue os parâmetros da Classificação Internacional de Doenças (CID 11) e também do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, na sigla em inglês), que é um documento da Associação Americana de Psiquiatria que compila as questões de ordem psiquiátrica e é usado mundialmente. 
Esse documento traz cinco pontos importantes para diagnosticar uma pessoa, e um dos pontos é dizer que as características começaram desde a infância. Para isso, é preciso ter o histórico dessa pessoa, conta a especialista.
"Não adianta ter apenas um autorrelato, porque ela pode, por exemplo, ter uma depressão ou um transtorno obsessivo compulsivo e a gente confundir com o autismo, achando que são comportamentos repetitivos e déficit na interação social, por exemplo". 
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Embora seja complexo, quando feito corretamente e baseado no histórico de vida, o diagnóstico pode contribuir para a inserção social e profissional, além de permitir que a pessoa receba os direitos previstos pela legislação atual, que equipara os direitos dos autistas aos das pessoas com deficiência.
Além de ter aparecido desde a primeira infância, os déficits apresentados por quem busca o diagnótico de TEA precisam ser diferenciados de outros casos, como uma deficiência intelectual.
"Há bastante deficiente intelectual adulto que está sendo erroneamente diagnosticado como autista. Para ser autista, a gente tem os dois pontos importantes, que são déficits na comunicação e na interação social associados a comportamentos repetitivos, além de vários subitens que podem ajudar a dizer se essa pessoa é autista ou não", completa. 

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