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São Paulo, 25/09/2025 - A nova Declaração Política sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), que será votada nesta semana durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), se tornou alvo de críticas por não reconhecer a obesidade como uma doença.
O documento também não aborda o acesso a tratamentos já recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o Acceleration plan to stop obesity (Plano de aceleração para parar a obesidade, em tradução livre) que orienta os países a reconhecer a obesidade como doença, integrar sua prevenção e tratamento à atenção primária e implementar políticas de alimentação saudável, tributação de ultraprocessados e ampliação do acesso a terapias eficazes.
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Para a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), os líderes globais precisam entender a gravidade da situação. Hoje, mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo e, se nada for feito, o impacto econômico da doença pode chegar a 3% do PIB mundial até 2030.
"A obesidade não pode mais ser ignorada como um dos maiores desafios de saúde pública do nosso tempo. É necessário que governos assumam compromissos claros, baseados em ciência, para reduzir o impacto da doença e garantir políticas de prevenção e tratamento efetivas", defende o presidente da Abeso, Fábio Trujilho, em comunicado à imprensa.
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No Brasil, o quadro também é alarmante: 68% da população adulta tem sobrepeso (IMC acima de 25) ou obesidade (IMC acima de 30), segundo estimativas do Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado pela Federação Mundial de Obesidade. Em 2021, mais de 60 mil mortes prematuras no País foram atribuídas a doenças crônicas relacionadas ao excesso de peso.
Para Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso e presidente eleito da Federação Mundial de Obesidade, o fato de a ONU não reconhecer a obesidade como uma doença crônica na nova declaração faz com que o tema perca importância e acabe ficando de lado nas políticas de saúde pública.
"Se não reconhecemos o problema, não teremos solução. O documento da ONU não reconhecerá a obesidade como doença e a deixará fora da discussão", afirma Halpern, também em comunicado.
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A Abeso defende que a obesidade seja reconhecida como uma doença crônica e que haja acesso a tratamentos eficazes, como os agonistas de GLP-1, para frear o avanço do quadro e de enfermidades associadas. A entidade também reforça a importância de incluir a prevenção e o tratamento na atenção primária em saúde e de envolver pessoas que convivem com a obesidade na formulação das políticas públicas.
Além disso, ressalta o alerta da Federação Mundial de Obesidade para que os governos cumpram os compromissos já assumidos e adotem ações concretas contra a obesidade. Sem essas medidas, conforme a federação, não será possível avançar de forma consistente no enfrentamento das DCNTs.
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