São Paulo, 22/09/2025 - Em atenção ao mês de prevenção ao suicídio, conhecido como setembro amarelo, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou uma nova pesquisa com um panorama da saúde mental dos brasileiros adultos em 2025.
Entre os dados que mais chamaram atenção, a associação destaca que 25,7% dos participantes relataram ter tido pensamentos suicidas nos últimos seis meses. Além disso, 25,2% afirmam que não se sentem bem atualmente, enquanto 30,9% se declaram tristes ou decepcionados, mas ainda com esperança de melhora.
O principal objetivo da pesquisa é compreender os desafios enfrentados pela população adulta brasileira em relação às doenças mentais e como as pessoas reagem diante da necessidade de ajuda, se elas sabem onde e como buscar suporte.
A pesquisa também mostrou que mais da metade das pessoas entrevistadas já pensou em se isolar completamente ou desaparecer. "Esses dados reforçam a importância de pensar em ações para cuidar destas pessoas levando em consideração aspectos sociais e demográficos e combater o estigma que ainda impede muitos de buscarem tratamento médico", disse a ABP em nota à imprensa.
Saúde mental: a importância de buscar ajuda
A pesquisa mostra que 54,1% dos participantes afirmaram saber onde buscar ajuda especializada diante de uma crise intensa de saúde mental. Outros 33,2% relataram que conversariam com alguém próximo. Ainda assim, menos de 10% das pessoas disseram nunca ter buscado ajuda ou não acreditarem na necessidade de procurar.
Cartaz da ABP para a campanha de prevenção ao suicídio (Divulgação)
Por outro lado, um dado considerado positivo pela ABP é que 50,9% das pessoas já procuraram atendimento com psiquiatras ou psicólogos pelo menos uma vez e estão sendo acompanhadas por profissionais especializados. "Esse resultado mostra que há uma crescente conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e prevenção da doença, embora ainda haja muitos desafios a serem enfrentados. Esse resultado também aponta a diminuição do estigma com os temas relacionados à doença mental", aponta a ABP.
No que diz respeito ao acesso ao atendimento especializado, a pesquisa indicou que 31,6% dos brasileiros acreditam que poderiam buscar atendimento com um psiquiatra por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 33,8% também consideram o plano de saúde como uma opção viável e 50,9% buscariam atendimentos particulares. 9,8% mencionaram a possibilidade de recorrer ao apoio de instituições como ONGs ou universidades. Os participantes podiam citar mais de uma opção nesse caso.
"Esses dados indicam que há uma consciência da população sobre a necessidade de cuidados e quais são os canais de acesso disponíveis, mas também revelam disparidades. A realidade de um sistema público de saúde insuficiente, com longas filas e recursos limitados, é uma barreira. Já o atendimento privado amplamente citado é uma opção restrita a uma parte da população", pondera a ABP.
A pesquisa foi realizada com a participação de pessoas de todos os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, abrangendo diferentes faixas etárias entre 18 e maiores de 65 anos, níveis variados de escolaridade e condições profissionais diversas, incluindo trabalhadores formais e informais, empreendedores, estudantes, servidores públicos, desempregados e aposentados.
Ainda segundo a ABP, a presença de doença mental é um fator de risco para suicídio, mas nem todas as pessoas diagnosticadas com alguma doença mental terão comportamento suicida. No entanto, quase todas as pessoas que cometeram suicídio (98,6%) possuíam algum transtorno, como depressão, transtorno de humor bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia.
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