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Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo - 01/06/2025 - A solidão, muitas vezes percebida como um desconforto emocional passageiro, pode ter consequências mais graves do que pode se imaginar. Um estudo recente da Universidade de Sydney, publicado na revista BMJ Medicine, revelou que mulheres de meia-idade que experimentam solidão crônica têm um risco três vezes maior de morte precoce em comparação com aquelas que não se sentem solitárias.
A pesquisa analisou dados do Australian Longitudinal Study on Women's Health, iniciado em 1996, acompanhando mais de 57 mil mulheres australianas. O foco foi em participantes com idades entre 48 e 55 anos no início do estudo, sem doenças crônicas diagnosticadas. Ao longo de 15 anos, essas mulheres responderam a questionários sobre saúde e bem-estar a cada três anos.
Os resultados mostraram que aquelas que relataram sentimentos persistentes de solidão durante todo o período tinham um risco de mortalidade de 15%, em contraste com 5% entre as que não se sentiam solitárias. Além disso, observou-se uma relação dose-dependente: quanto mais frequente a sensação de solidão, maior o risco de morte precoce.
A solidão crônica está associada a diversos problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, depressão e demência. Segundo os pesquisadores, o isolamento social pode levar a níveis elevados de estresse e alterações no sistema imunológico, aumentando a vulnerabilidade a doenças graves.
Além disso, pessoas solitárias tendem a adotar comportamentos prejudiciais à saúde, como sedentarismo, alimentação inadequada e uso de substâncias nocivas, fatores que contribuem para o aumento do risco de morte prematura.
Os autores do estudo enfatizam que a solidão deve ser reconhecida como um determinante social significativo da saúde. Eles recomendam o desenvolvimento de intervenções públicas e clínicas para identificar e mitigar os efeitos do isolamento social, especialmente entre mulheres de meia-idade.
A solidão não apenas está correlacionada com problemas de saúde existentes, mas também pode causá-los", afirma a pesquisadora Neta HaGani, uma das autoras do estudo.
Este estudo destaca a necessidade urgente de abordar a solidão como uma questão de saúde pública. Promover conexões sociais e oferecer suporte emocional pode ser tão vital quanto intervenções médicas tradicionais para garantir o bem-estar e a longevidade das mulheres de meia-idade.
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