Três noites de sono ruim já são suficientes para causar danos ao coração

Envato

Pesquisa internacional mostra que privação de sono pode desencadear inflamações e aumento da pressão arterial em curto prazo - Envato
Pesquisa internacional mostra que privação de sono pode desencadear inflamações e aumento da pressão arterial em curto prazo
Por Bianca Bibiano [email protected]

Publicado em 04/06/2025, às 14h39 - Atualizado às 14h40

São Paulo, 04/06/2025 - Dormir mal por apenas três noites consecutivas pode causar impactos reais e mensuráveis na saúde do coração. A descoberta é de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, e publicado este ano no periódico Biomarker Research. Segundo o levantamento, mesmo períodos breves de sono insuficiente foram associados ao aumento de biomarcadores de lesão cardíaca, sugerindo risco cardiovascular iminente.

Para entender o real impacto das noite mal dormidas no organismo, os pesquisadores acompanharam 16 homens saudáveis por 30 dias consecutivos, medindo o número de proteínas relacionadas ao aumento da pressão arterial e ao risco de doenças cardiovasculares.

Embora a amostragem seja pequena, Jonathan Cedernaes, pesquisador sueco responsável pelo trabalho, disse que muitos dos estudos mais amplos realizados sobre a relação entre a privação do sono e o risco de doenças cardiovasculares geralmente se concentraram em indivíduos um pouco mais velhos, que já apresentam um risco aumentado para tais doenças. "Por isso, foi interessante observar que os níveis dessas proteínas aumentaram da mesma forma em indivíduos mais jovens e previamente saudáveis ​​após apenas algumas noites de privação do sono. Isso significa que é importante enfatizar a importância do sono para a saúde cardiovascular, mesmo nos primeiros anos de vida", afirmou ao site Science Daily.

Ao comentar a pesquisa, o cardiologista brasileiro Marcelo Bergamo explicou que o sono exerce função reguladora essencial sobre o sistema cardiovascular.

“A privação ativa o sistema nervoso simpático e eleva a produção de hormônios do estresse, como o cortisol e a adrenalina. Isso contribui para o aumento da pressão arterial e promove inflamações em todo o organismo, criando um ambiente propício a doenças cardíacas”.

Durante a pesquisa, os participantes dormiram menos de seis horas por noite durante três dias consecutivos e foram acompanhados do mês. Ao final do período, os exames indicaram níveis aumentados de substâncias como a troponina e a proteína C-reativa, marcadores relacionados a danos cardíacos e inflamação.

Segundo Bergamo, o sono de qualidade deve ser considerado tão relevante quanto uma alimentação balanceada e a prática regular de atividades físicas. “Temos o hábito de valorizar o que é visível: dieta, exercícios, exames. Mas o sono é invisível e vital. Não dormir bem não é um simples incômodo, é um fator de risco”, reforça.

O estudo alerta que, embora a prática de exercícios físicos seja sempre positiva, ela não é capaz de reduzir sozinha os efeitos negativos da falta de sono no coração. "Com esse estudo, aprimoramos a compreensão sobre o papel da quantidade de sono na saúde cardiovascular. É importante ressaltar que outros estudos também demonstraram que o exercício físico pode compensar pelo menos alguns dos efeitos negativos que a má qualidade do sono pode causar. Mas também é importante observar que o exercício não pode substituir as funções essenciais do sono", afirmou o pesquisador Jonathan Cedernaes.

Palavras-chave pesquisa saúde Sono

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias