Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo, 25/06/2025 - Cada vez mais conectados, os brasileiros estão levando o uso de smartphones para o trânsito, um hábito que, embora comum, traz consequências graves tanto para a segurança nas ruas quanto para a proteção de dados pessoais.
Um estudo global realizado pela NordVPN mostra que 73% dos passageiros usam seus celulares durante deslocamentos, e 61% permanecem conectados à internet enquanto se movimentam. O problema é que essa rotina digital não se limita aos passageiros: motoristas também estão usando o celular ao volante, o que pode ser fatal.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o uso de celular ao dirigir já figura como a terceira principal causa de mortes no trânsito no Brasil. São cerca de 154 óbitos por dia, totalizando aproximadamente 54 mil vítimas fatais por ano.
Dados do Ministério da Saúde revelam que 19,3% dos motoristas nas capitais admitem usar o celular enquanto dirigem. Entre os jovens de 25 a 34 anos, esse número sobe para 25%, e entre os mais escolarizados, chega a 26,1%.
A gravidade do problema é evidente: responder uma mensagem a 80 km/h equivale a dirigir de olhos fechados por quase 100 metros, alerta a Abramet. E o impacto disso é semelhante ao de dirigir alcoolizado.
Além do perigo físico, há riscos digitais. Muitos motoristas usam aplicativos de navegação, música e mensagens que exigem conexão à internet, deixando os dispositivos vulneráveis a ataques cibernéticos e vazamento de dados, especialmente se conectados a redes públicas durante paradas.
Mesmo fora do volante, o uso de celulares durante os trajetos também traz ameaças. Segundo o estudo da NordVPN, 8 em cada 10 passageiros utilizam smartphones durante seus deslocamentos, transformando o tempo no trânsito em tempo de tela.
As atividades mais comuns incluem:
O acesso à internet é constante: 60% se conectam durante os trajetos, com destaque para o uso de Wi-Fi público, muitas vezes sem consciência dos riscos. Em locais como Coreia do Sul (79%) e Reino Unido (68%), o uso dessas redes é ainda mais comum, e o Brasil segue o mesmo padrão.
Mas até para quem é apenas passageiro, o ambiente pode ser arriscado. Em transportes lotados, cresce a chance de “shoulder surfing”, quando alguém observa a tela do celular de outra pessoa sem que ela perceba, colocando informações sensíveis em risco.
“Muitos acham que os perigos vêm apenas da internet, mas o verdadeiro risco pode estar ao lado”, alerta Adrianus Warmenhoven, especialista em cibersegurança.
Apesar do crescimento da conectividade e dos riscos envolvidos, 18% dos entrevistados admitem não adotar nenhuma medida de segurança digital durante os deslocamentos.
Entre os que se protegem, as principais ações incluem:
A preocupação com a segurança digital também varia entre os países. Nos EUA, 74% dos entrevistados demonstram atenção ao tema, seguido por Canadá (71%). Já na Suécia, 70% afirmam estar pouco ou nada preocupados com esse tipo de ameaça.
Diante do crescimento de ataques e acidentes, os especialistas recomendam cuidados simples, mas eficazes, tanto para motoristas quanto para passageiros:
A popularização dos smartphones mudou a forma como nos deslocamos, mas também abriu caminho para novos riscos físicos e virtuais. O uso consciente da tecnologia é essencial, especialmente quando envolve o trânsito. Seja dirigindo ou apenas como passageiro, a atenção ao ambiente e à segurança digital deve ser prioridade para evitar tragédias e garantir uma navegação mais segura, no mundo real e no digital.
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