Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Cetic.br aponta necessidade de capacitação dos professores em IA

Envato

37% dos alunos usou inteligência artificial para atividades escolares, mas apenas 19% recebeu orientação de algum professor sobre como faze-lo. - Envato
37% dos alunos usou inteligência artificial para atividades escolares, mas apenas 19% recebeu orientação de algum professor sobre como faze-lo.
Felipe Cavalheiro
Por Felipe Cavalheiro felipe.cavalheiro@viva.com.br

Publicado em 25/11/2025, às 18h00

São Paulo, 25/11/2025 - Diante do uso crescente da Inteligência Artificial pelos alunos, professores se sentem despreparados e demandam por formação específica. Essa é uma das constatações do novo estudo “Inteligência Artificial na Educação: usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro”, conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Leia também: Primeiro acesso à internet por crianças de até 6 anos triplicou em 13 anos

Apesar de 70% dos estudantes de ensino médio usarem IA para os estudos, apenas 32% receberam orientação dos educadores para tal. Esse uso indiscriminado foi uma grande preocupação relatada pelos alunos. Enquanto admitem o uso pontualdistinguem do "uso o tempo todo", afirmando que ele gera dependência e diminui o aprendizado. 

Gráfico
Fonte: Cetic.br 

A coordenadora de Estudos Setoriais no Cetic.br, Graziela Castello, aponta que esta falta de orientação tem um efeito ainda mais grave: o medo. Dentre as palavras associadas pelos alunos à IA, "medo", "caos", "perigo" e "indefinido" tiveram destaque. Castello liga este receio ao desconhecido, e reforça que, como resultado, muitos estudantes experimentam um impedimento ao usar a ferramenta. 

Este estranhamento com o desconhecido é sentido também pelos docentes. Poucos dos entrevistados apontaram pontos positivos da tecnologia na educação, mas muitos pontos negativos apareceram, especialmente em relação à revisão do conteúdo oferecido pela máquina. A suspeita foi confirmada pelos alunos, dos quais apenas 36% verificam se uma resposta gerada pelo computador é real. 

Apesar da desconfiança, os professores veem esta transformação com um caminho sem volta, se sentindo despreparados lidar com a nova faze. A fricção entre educadores e o mundo digital não é novidade. Mas Castello explica que, ainda mais do que em casos como a Wikipédia ou o Google, a escala faz toda a diferença. 

"Esta tecnologia chegou a pouco tempo, e já é usada pela maioria dos estudantes. Sem um crescimento gradual no uso, as escolas não se adaptam a tempo e temos que "trocar as rodas com o carro andando"". 

O terapeuta robô

No estudo, uma das perguntas direcionadas aos alunos foi, podendo ter acesso a qualquer tecnologia imaginável, qual eles escolheriam. Para a surpresa de Graziella, que esperava algo como "teletransporte", o maior desejo dos jovens foi por um conselheiro. 

Leia também: ‘Modo adulto’ no ChatGPT permite conteúdo erótico, mas esbarra em controle de idade

Analisando o ambiente escolar além das matérias, os professores ficam apreensivos que a tecnologia tome outro aspecto importante da educação: o suporte emocional. Os alunos também compartilham deste sentimento, ligando a IA ao medo de perder a individualidade. Mesmo assim, muitos deles afiram "não abrir mão" dos Chatbots como terapeutas, conversando cotidianamente sobre a vida pessoal. 

Desigualdades se agravando no meio digital

Mesmo a falta de preparo sendo um sentimento comum entre todo o meio educacional, ele não se reflete igualmente em toda a sociedade. Analisando separadamente os resultados das escolas públicas e escolas privadas, as primeiras mostram uma postura mais fechada, e os alunos usam a ferramenta de maneira "clandestina", com pouca aceitação dos docentes. 

Já os alunos das particulares encontraram um ambiente mais aberto, com certos usos autorizados e, em alguns casos, até mesmo palestras e cursos orientando sobre o aproveitamento da ferramenta.  

Enquanto algumas iniciativas estaduais despontam no País, como a elogiada aplicação da IA na grade curricular da rede pública no Piauí, Graziella entende que algumas medidas podem estar se adiantando. 

"Muitos professores ainda têm deficit de formação nas tecnologias digitais básicas. Precisamos correr atrás deste entendimento antes de garantir um letramento da Inteligência Artificial. Mas precisamos nos apoiar nestas iniciativas, pois a IA já é a realidade dos alunos". 

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias