Uso de internet por idosos é o que mais cresce por grupo etário, mostra Pnad

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A proporção de idosos conectados à internet no País subiu de 44,8% em 2019 para 69,8% em 2024

Por Gabriela da Cunha, da Broadcast

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Publicado em 24/07/2025, às 10h52
Rio, 24/07/2025 - A proporção de idosos conectados à internet no País subiu de 44,8% em 2019 para 69,8% em 2024, o maior avanço entre os grupos etários analisados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - módulo Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) 2024, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Apesar de ser o grupo que menos usa internet (87,9%), observamos ano a ano o aumento importante dessa população. A grande maioria usa a internet todos os dias e vemos um aumento de 3,6 pontos percentuais em relação a 2022”, apontam Gustavo Geaquinto Fontes e Leonardo Areas Quesada, analistas de pesquisa do IBGE.
O porcentual de pessoas brancas que usaram a internet no período de referência foi de 90%, ligeiramente acima do registrado entre pretos (88,4%) e pardos (88,6%). Em 2016, a desigualdade era maior: 72,6%, 63,9% e 60,3%, respectivamente.
A popularização do celular no País bateu novo recorde. O Brasil encerrou 2024 com 167,5 milhões de pessoas de 10 anos ou mais com telefone celular para uso pessoal em 2024, o equivalente a 88,9% da população brasileira. O avanço reflete um salto de 11,5 pontos porcentuais desde 2016 e de 1,3 ponto em relação a 2023. Nas zonas rurais o movimento foi ainda mais intenso: a fatia de usuários saiu de 54,6% há oito anos para 77,2% agora.
O grupo que mais ganhou conectividade foi o de idosos. Entre 2019 e 2024, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais que possuem celular subiu de 66,6% para 78,1%. Ainda assim, o aparelho não é unanimidade nessa faixa por dois motivos principais: “O celular é um equipamento básico para comunicação e, ao mesmo tempo que observamos algumas categorias etárias já atingindo praticamente a universalização, para 60% dos idosos a principal razão para não ter o aparelho é, justamente, não saber usá-lo”, explicam os analistas. A segunda justificativa apontada é a falta de necessidade.
Entre 2023 e 2024, o maior avanço ocorreu nas faixas de 14 a 19 anos e nos idosos, ambos com expansão de 2 pontos percentuais.
Entre os que não possuem celular - 11,1% da amostra, ante 18,6% em 2019 -, a preocupação com privacidade e segurança é citada por 24,1% dos jovens de 10 a 13 anos. Os pesquisadores avaliam que a vigilância dos pais pode ser um fator para o retrato.
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Celular para internet
O celular segue absoluto como equipamento mais utilizado para acessar a internet: em 2024, 98,8% dos usuários de 10 anos ou mais navegaram pelo aparelho, superando com folga o microcomputador (33,4%) e o tablet (8,3%). Já o percentual de pessoas que acessaram a internet pela televisão chegou a 53,5%.
O retrato é muito diferente de 2016, quando o acesso pelo microcomputador representava 63,2% e as conexões por meio da televisão eram 11,3% e o tablet 16,4%. O celular, por sua vez, já representava 94,8% dos acessos.
De 2023 para 2024, entre a população de 10 anos ou mais que possuía telefone celular para uso pessoal, a parcela com acesso à internet por meio do aparelho passou de 96,7% para 97,5%. Na área rural, o indicador cresceu 1,7 ponto percentual, de 94,3% para 96%, mas ainda ficou ligeiramente abaixo do verificado na área urbana, que avançou de 97% para 97,7%.
A proporção de domicílios em que a rede móvel funciona para internet ou telefonia alcançou 92% em 2024, mantendo estabilidade. Já a fatia de lares com telefone celular cresce desde 2016 (93,1%) e chegou ao maior nível da série histórica em 2024 (97%).
O serviço de internet estava presente em 74,9 milhões de domicílios no ano passado (93,6%), alta de 1,1 ponto percentual ante 2023. O avanço tem sido mais rápido nas zonas rurais, reduzindo a distância em relação às urbanas: 84,8% versus 94,7% em 2024, respectivamente, ante 35% e 76,6% em 2016.
O estudo mostra que o uso de banda larga continua em expansão, com ambos os tipos de conexão apresentando crescimento. A participação da banda larga móvel subiu de 83,3% para 84,3% entre 2023 e 2024, enquanto a fixa avançou de 86,9% para 88,9% no mesmo intervalo.
A sondagem, realizada no quarto trimestre de 2024, avaliou o acesso à internet e à televisão nos domicílios e a posse de telefone celular pelas pessoas com 10 anos ou mais.

Streaming avança nos lares brasileiros

O hábito de assistir a filmes, novelas ou jornais no país continua migrando para a internet. Em 2024, 43,4% dos lares dispunham de serviço pago de streaming de vídeo. Houve um acréscimo de 1,5 milhão de residências com acesso ao serviço ante 2023, totalizando 32,7 milhões de casas.
O avanço das plataformas digitais contrasta com o encolhimento da TV por assinatura tradicional. O serviço estava presente em 18,3 milhões de domicílios em 2024, o equivalente a 24,3% dos lares com televisor, recuo de 0,9 ponto percentual em relação a 2023. Entre os entrevistados, 31% dizem que o preço é alto e, por isso, desistem da assinatura.
“A pesquisa mostra que 58,4% das pessoas que não não tinham TV por assinatura afirmavam não ter interesse pelo serviço. Possivelmente, um dos motivos pode ser o streaming e o acesso a vídeos e a filmes por outros meios, como o YouTube”, comentam Gustavo Geaquinto Fontes e Leonardo Areas Quesada, do IBGE.
O formato já chega à metade dos domicílios do Sul (50,3%), quase empata com o patamar do Centro-Oeste (49,2%) e do Sudeste (48,6%), mas ainda avança mais lentamente no Norte (38,8%) e, sobretudo, no Nordeste (30,1%).
A renda também ajuda a explicar o mapa: quem assina streaming tem rendimento médio per capita de R$ 2.950, mais do que o dobro dos que não pagam pela modalidade (R$ 1.390), mas abaixo do verificado entre quem contrata vídeo sob demanda e canais fechados de TV, grupo cuja média chega a R$ 3.903.
A TV aberta continua majoritária, porém em retração. Em 2024, 65,1 milhões de lares (86,5% dos que têm televisor) captavam sinal analógico ou digital por antena convencional, proporção 1,5 ponto percentual menor do que a de 2023. Dos domicílios com streaming de vídeo, 86,9% também recebiam sinal de TV aberta (89,7% em 2023). Além disso, a parcela de lares sem sinal de TV aberta nem por assinatura subiu de 5,2% em 2023 para 6,7% em 2024, indicando tendência de alta. O vazio de sinal é maior no Centro-Oeste (8,6%) e atinge 11,8% das unidades rurais da região.
No país, de 2023 para 2024, houve avanço no número de residências com televisão de tela fina (de 68,5 milhões para 71,3 milhões) e queda no de televisores de tubo (de 6,8 milhões para 5 milhões).
Quanto ao hábito de ouvir rádio, cerca de 38,8 milhões, ou 48,5% dos domicílios, possuíam o aparelho em 2024. Pela primeira vez, esse contingente é menor do que o de residências sem rádio (41,2 milhões). No meio rural, 51,8% dos lares tinham rádio, índice superior ao verificado nas áreas urbanas (48,1%).

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