Fabiana Holtz/Viva
São Paulo, 27/10/2025 – A movimentação das empresas para formar times intergeracionais e como isso tem afetado os resultados dos negócios foi o tema do painel ‘Times Multigeracionais’, realizado nesta segunda-feira dentro do Fórum São Paulo Longevidade. “O futuro do trabalho é prateado e intergeracional”, afirmou Andrea Tenuta, Head de novos negócios da Maturi ao abrir o painel.
Simone Cotta Cardoso, da área de comunicação interna do Grupo Pereira, de varejo regional, observa que tem muitos funcionários que passaram a vida dentro da empresa e colocá-los em contato com os recém contratados de gerações mais novas é uma excelente estratégia de negócios.
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Também presente ao painel, Luis Henrique Barbosa Boechat, diretor global de assuntos éticos e regulatórios da Eurofarma, concorda que essa é uma excelente combinação para quebrar estigmas e tabus. “A idade é apenas um dos elementos que a empresa precisa olhar ao contratar alguém e isso não define o trabalhador”, afirma.
Cardoso considera que pensando do ponto de vista dos negócios, a contratação de funcionários 50+ é um movimento estratégico. “Vamos quebrando tabus e em alguns momentos enfrentamos resistência dentro de casa mesmo, o viés inconsciente. E percebemos o quanto o preconceito está ali as vezes inconscientemente dentro de nós mesmos", observa.
Ao falar sobre a estratégia da empresa para abordar o assunto, Boechat conta que uma reflexão importante a fazer é olhar para si mesmo com mais confiança. “Pergunte onde estão as suas forças é nunca pare de aprender”, aconselha. O trabalho na Eurofarma com esse público, de acordo com ele, visa a inclusão e a diversidade e isso atinge todos os níveis de liderança.
“São 13 mil funcionários globalmente, 9 mil no Brasil e 1.000 foram treinados em um programa que chama ‘inteligência geracional’”, conta.
Na avaliação de Boechat, temos muito que evoluir ainda nesse tema, mas já se começa a notar a diferença nos resultados com o passar do tempo em empresas que abraçaram a intergeracionalidade.
Cardoso revela com orgulho que o Grupo Pereira já possui o selo ‘Age friedly’, que atesta a diversidade etária nas empresas, e lembra que o tema não era considerado no universo empresarial até pouco tempo. “Temos muita gente que passou a sua vida dentro da empresa e somos uma porta de entrada para o mercado de trabalho. A combinação estava lá o tempo todo”, conta a representante do Grupo Pereira.
Dentro do grupo, segundo Cardoso, 30% estão na faixa etária entre 18 e 25 anos e 18% estão acima de 50 anos. “Começamos a promover rodas de conversa e treinamentos para fazer esse público interagir e o resultado é extremamente rico”, destaca.
Ambos consideram que esse trabalho de sensibilização das lideranças, além de treinamentos específicos para os profissionais acima de 50 anos, precisa ser a pedra fundamental das empresas.
“Temos de dar a maior visibilidade possível ao tema. Em 2039, segundo uma pesquisa que vi esses dias no jornal O Estado de S. Paulo, a população 65+ vai ser maior do que a 18-“, disse Cardoso.
Para Tenuta, da Maturi, as empresas que não trabalham essa questão acabam tendo de aprender pela dor. “É um processo de desconstrução”, afirma.
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